Sábado, 7 de dezembro de 2013
O antigo contador do empresário Paulo Abreu
contou a ÉPOCA que seu nome foi usado pelo ex-chefe para abrir uma rádio
na tentativa obter concessões do Ministério das Comunicações
MURILO RAMOS
O contador Roberto Simões Rangel, de 41 anos, leva uma vida modesta.
Mantém um pequeno escritório de contabilidade num bairro da periferia de
Brasília. Passa os dias na rua, visitando clientes. Rangel, contudo, já
viveu dias bem mais agitados. Era contador do Hotel Saint Peter quando,
em 2009, recebeu do seu ex-chefe, o empresário Paulo Abreu – o mesmo
que ofereceu ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu um salário de R$
20 mil para exercer o cargo de gerente administrativo do Saint Peter –
uma proposta que poderia mudar sua vida. Uma proposta típica do submundo
de Brasília, conforme o contador revelou à reportagem de ÉPOCA.
Paulo Abreu pediu a Rangel que fosse seu laranja numa emissora de
rádio. E que, uma vez preparados os papéis da rádio, participasse de
licitações promovidas pelo Ministério das Comunicações, nas quais o
governo oferece concessões. No caso, em cidades do interior de Goiás. Em
troca, o empresário Paulo Abreu prometera ao contador uma contribuição
mensal de R$ 10 mil, além de investimentos na rádio, caso conseguissem
vencer as tais licitações.
Por que Paulo Abreu, dono de mais de 30 concessões de rádio e TV no
país, queria que o contador fosse seu laranja? A resposta está nas
normas do setor de telecomunicações do país, que proíbem o mesmo
empresário de concorrer numa licitação com mais de uma proposta. Abreu,
portanto, pretendia competir nas licitações com mais de uma empresa e,
assim, aumentar suas chances de êxito. O contador Roberto Rangel topou
ser laranja na criação da rádio Brasil FM, aberta em nome dele e de
outro sócio.