Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 8 de dezembro de 2013

“Essa Copa é coisa do Satanás”

Domingo, 8 de dezembro de 2013
Da Fundação Rosa Luxemburgo


Em visita a locais atingidos por obras da Copa em Recife, relatora da ONU para o direito à moradia defronta-se com a angústia e a indignação das comunidades do Coque e do Loteamento São Francisco

“Essa Copa é coisa do Satanás”

Por Júlio Delmanto, Fundação Rosa Luxemburgo – De Recife

- Interessante, a gente chama o pessoal de jornal e nunca vem ninguém, não. Agora vêm porque a senhora veio – reclamava um morador da comunidade Coque, região central de Recife, com o dedo apontado para a caravana de jornalistas, ativistas e vizinhos seus que sofria sob o sol da tarde enquanto verificava os impactos da Copa do Mundo nesta região.

- Não tem problema, é por isso que estou aqui – respondeu Raquel Rolnik, relatora da ONU para o direito à moradia, responsável por atrair os repórteres da imprensa local.

- Desculpa, mas eu tive que falar,  gente! – finalizou o rapaz, que na sequência enfiou-se em uma das vielas que ladeiam um mal cheiroso córrego, este por sua vez “arrodeado”, como dizem os recifenses, pelos escombros das casas já destruídas pelo governo – que em troca do compromisso de saída prometeu indenizações aos que vivem há décadas nesta região.

“Nós valemos mais”. Além de estar nas camisetas de alguns dos ativistas do Comitê Popular da Copa de Pernambuco, acompanhada de uma “hastag”, esta frase pode ser vista pichada em paredes tanto da comunidade do Coque quanto no Loteamento São Francisco, município de Camaragibe, onde as remoções de moradores também acompanham obras relacionadas à Copa do Mundo. Ambos locais foram visitados por Raquel Rolnik em uma agenda de trabalho realizada na cidade do Recife nos dias 29 e 30 de novembro. As atividades culminaram com um debate público ocorrido na Faculdade de Direito, organizado pelo Comitê.


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