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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

PPS pede que Comissão da Verdade apure se Lula era informante da ditadura; acusações foram feitas por Romeu Tuma Jr

Sexta, 13 de dezembro de 2013

Foto: Robson Gonçalves
Líder do PPS pede que Comissão da Verdade apure se Lula era informante da ditadura
Rubens Bueno: É preciso que seja estabelecida a verdade histórica
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno, encaminhou nesta quinta (12) um ofício (confira íntegra abaixo) ao coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, sugerindo que a comissão investigue a suposta colaboração do ex-presidente Lula com o aparato de repressão do regime militar nos anos 80. Numa entrevista Romeu Tuma Júnior à revista Veja, o ex-secretário nacional de Justiça disse que o ex-presidente teria sido informante de seu pai, o ex-delegado Romeu Tuma, junto ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social), famoso órgão repressor de movimentos políticos e sociais contrários ao regime durante a época da ditadura militar.

Indagado pela revista se possuía provas a esse respeito, Tuma Júnior teria respondido o seguinte: “Não excluo a possibilidade de algum relatório do Dops da época registrar informações atribuídas a certo informante de codinome Barba”. Em seu ofício, Bueno diz a José Carlos Dias que "espera sejam tomadas as providências cabíveis para que sejam os fatos devidamente averiguados, a fim de que seja estabelecida a verdade histórica".

A Comissão Nacional da Verdade foi criada por lei em 2011 e desde o ano passado investiga episódios sobre violações dos Direitos Humanos no Brasil no século 20, em períodos de Ditadura Militar.

Ainda de acordo com o líder do PPS, se a verdade histórica envolve uma participação de Lula diferente daquela que se imaginava até o presente momento, o de vítima e não colaborador da ditadura, isso deve ser esclarecido. "O Brasil precisa saber se é verdade que o ex-presidente era um informante da polícia política da ditadura militar e, ainda, com qual finalidade. Teria sido Lula um delator de seus companheiros? Quem ele teria delatado? Quando isso teria ocorrido?", indaga Bueno no documento expedido à Comissão.
Fonte: Assessoria do PPS 





CÂMARA DOS DEPUTADOS


Of. 250/2013                                 

Brasília, 12 de novembro de 2012.


Excelentíssimo Senhor
Doutor Pedro Dallari
Coordenador da Comissão Nacional da Verdade

Senhor Coordenador,
   
Venho trazer ao conhecimento desta Comissão fatos que são retratados no livro “Assassinato de Reputações – um crime de Estado”, que está sendo lançado por Romeu Tuma Júnior, sobre um suposto esquema de fabricação de dossiês contra os adversários do atual governo, conforme tem sido amplamente divulgado pela mídia. Isso porque há uma acusação feita nesse livro contra o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que é referente ao período da ditadura militar e que, portanto, deve ser objeto da atenção deste Colegiado.

Segundo entrevista de Romeu Tuma Júnior à revista Veja (edição 2351), o ex-Presidente teria sido informante de seu pai, o ex-Delegado Romeu Tuma, junto ao Dops (Departamento de Ordem Política e Social), famoso órgão repressor de movimentos políticos e sociais contrários ao regime durante a época da ditadura militar. Indagado pela revista se possuía provas a esse respeito, Tuma Júnior teria respondido o seguinte: “Não excluo a possibilidade de algum relatório do Dops da época registrar informações atribuídas a certo informante de codinome Barba”.

Trata-se de um fato que precisa ser investigado por esta Comissão, pois, pelo que se sabia até agora, o ex-Presidente teria sido, na verdade, uma vítima do aparelho repressor da ditadura, tendo sido preso no próprio Dops. Como cediço, a finalidade da Comissão Nacional da Verdade é a de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional (Art. 1º da Lei nº 12.528, de 18 de novembro de 2011).

Ora, se a verdade histórica envolve uma participação do ex-Presidente em posição bem diferente daquela que se imaginava até o presente momento, irrefutavelmente isso deve ser esclarecido. O Brasil precisa saber se é verdade que o ex-Presidente era um informante da polícia política da ditadura militar e, ainda, com qual finalidade. Teria sido o ex-Presidente um delator de seus companheiros? Quem ele teria delatado? Quando isso teria ocorrido?

Necessário observar que o Sr. Tuma Júnior indica, inclusive, a fonte em que a informação poderia ser obtida: relatórios do Dops registrando informações obtidas junto a um informante de codinome “Barba”.

São estes os fatos que venho trazer ao conhecimento de V. Exa. e desta Comissão, esperando que sejam tomadas as providências cabíveis para que sejam devidamente averiguados, a fim de que seja estabelecida a verdade histórica.

Atenciosamente,

Deputado RUBENS BUENO
(PPS/PR)