Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Mandela não era um pacifista. Era um líder guerreiro.

Segunda, 16 de dezembro de 2013
Do blog baiano 'Os Inimigos do Rei'
tonY PAChecO
“Nelson Mandela, apesar do sofrimento, mudou tudo sorrindo com doçura”
(Vanessa da Mata, jornal “Correio”)
O primeiro é o Mandela "fofinho" que a mídia amestrada quer. O segundo é o Mandela comandante-em-chefe de um grupo guerrilheiro que derrotou os brancos racistas 

Não, senhora! Não mudou nada com doçura. Ele meteu bomba nos brancos racistas, que é como a Humanidade tem acabado com as injustiças desde que o mundo é mundo.


Há uma tradição entre nós ocidentais cristãos, em transformar todo mundo em santo após a morte. E o brasileiro leva isso ao paroxismo, alterando a história da vida das pessoas de forma brutal, a descaracterizando. Mas em se tratando de Nelson ROLIHLAHLA Dalibhunga Mandela, isso não pode passar em branco (sic). O nome de Mandela de batismo tribal era Rolihlahla, que significa no dialeto da tribo Thembu nada mais nada menos que “agitador” ou “semeador de confusões”. Porque Mandela era filho de um líder tribal no território que depois se chamaria Transkei, uma das “nações independentes” criadas pelo regime do Apartheid na África do Sul. Mandela era, portanto, um nobre guerreiro, um aristocrata, como o foram Alexandre da Macedônia ou qualquer rei guerreiro da Inglaterra ou da França. Só porque era negro não significa que não era nobre. Era nobre e herdaria o cargo de rei da tribo de seu pai. Só que os estudos o afastaram da vida tribal, como a adesão ao anarquismo afastaria o príncipe russo Kropotkin da aristocracia cruel da Rússia. É assim que é.


Mandela lutou pacificamente de 1942 até 1960 pelo fim do racismo na África do Sul comandada por descendentes de holandeses e ingleses . Mas em 1960, o saco de Mandela estourou como o de qualquer ser humano submetido à opressão permanente. Em março daquele ano, os racistas brancos assassinaram 69 negros que se manifestavam contra o Apartheid. Foi o que passou à história como “Massacre de Sharpeville”. A partir daí, Mandela, como membro do Congresso Nacional Africano (o partido anti-apartheid clandestino), defendeu a luta armada e fundou com os companheiros o braço armado de sua organização, a “Umkhonto we Sizwe”, em zulu “A Lança da Nação”, um grupo guerrilheiro que teve Mandela como comandante-em-chefe e que fez centenas de atentados a bomba na África do Sul depois que ele viu que os racistas não iam ceder o poder pacificamente para a maioria negra. Incendiaram fazendas dos racistas, explodiram empresas, carros-bomba estouravam, tudo nos conformes. Da cadeia ele liderava o movimento armado e a “Umkhonto we Sizwe” só abriu mão da luta armada quando os racistas brancos libertaram Mandela em 1990. Tanto isso é verdade que os Estados Unidos até 2008 consideravam o partido de Mandela, o CNA, como “organização terrorista”, mesmo depois do fim do Apartheid e mesmo depois que Mandela tinha sido presidente constitucional eleito.


Foi na ponta da lança zulu que os racistas brancos foram batidos. Não foi com beijinho e doçura. Quando a comissão do Nobel deu a ele o Nobel da Paz em 1993, as mentes medianamente informadas deste planeta deram muitas risadas.


Mandela foi um guerreiro. Um dos maiores guerreiros da História da Humanidade, para estar ao lado de Alexandre, Júlio César, Spartacus ou Napoleão. Qualquer coisa menos que isso é preconceito.
 

"Nós adotamos a atitude de não-violência só até o ponto em que as condições o permitiram. Quando as condições foram contrárias, abandonamos imediatamente a não-violência e usamos os métodos ditados pelas condições.”