Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Paciência com o PMDB

Sexta, 20 de dezembro de 2013
Por Gilvan Rocha*
            A imprensa noticiou, com destaque, que Lula da Silva, em reunião com o Diretório Nacional do PT, recomendou aos militantes de direção o exercício da paciência em relação ao PMDB. Segundo ele, seria necessário ter toda compreensão com o aliado principal do Partido dos Trabalhadores.
            É uma ironia vermos o sr. Lula da Silva pedir paciência em relação ao PMDB fisiológico e oportunista, dirigido pelos senhores José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá, Michel Temer e outras figuras carimbadas, useiros de práticas nada recomendáveis. Paciência com o PMDB fisiológico é o que exige hoje o dirigente maior do PT, Lula da Silva, mas, a bem da verdade histórica, é preciso ressaltar que o velho PMDB ideológico, representado por figuras da estirpe dos senhores Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Mário Covas, não merecia esse cuidado no trato.
            Somente quando o PMDB de Mário Covas foi substituído pelo PMDB do sr. Orestes Quércia, é que a unidade PT-PMDB passou a ser viável e desejada, sem que houvesse o menor pudor por parte da direção petista. Tanta promiscuidade, porém, não se limita apenas a aproximação quase simbiótica do PT com o PMDB, ela se estende também a figuras como Paulo Maluf, Fernando Collor e o não menos emblemático político fisiológico, Francisco Dorneles. Diante desses fatos, convém lembrar que houve um momento em que o sr. Lula da Silva deu-se ao luxo de proclamar que o Congresso Nacional abrigava a presença de cerca de trezentos picaretas. Hoje, depois que o PT cresceu a sua bancada e levou a cabo políticas nada recomendáveis, podemos dizer que, se era verdade existir três centenas de picaretas no Congresso Nacional, esse número ficou elevado, diante da prática do compadrio que se estabeleceu em torno de propósitos nada republicanos.
            Hoje, no cenário político eleitoral e, diante do exercício dos mais diversos governos, estamos frente a um dilema terrível: PTralhas versus TUCANalhas. Trata-se de um dilema perverso e as chances mais imediatas de romper com essa terrível dualidade parece-nos, de imediato, improvável.
 
*http://gilvanrocha.blogspot.com.br/