Terça, 3 de novembro de 2013
Da Pública
Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Por Bruno Fonseca e Jessica Mota
#BNDESnaAmazônia
Obras negociadas pelo BNDES na Amazônia sul-americana incluem
hidrelétrica com rachaduras, gasoduto com vazamentos e rodovia que
estremeceu a presidência da Bolívia.
Na vertente leste da Cordilheira dos Andes, início da Amazônia
Peruana, o dinheiro brasileiro começa a erguer uma barragem de 200
metros de altura – e trata-se de muito dinheiro. São mais de US$ 320
milhões em empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), quantia que representa mais de um quarto do custo total
da bilionária hidrelétrica de La Chaglla, que será uma das três maiores
usinas do Peru em 2015, quando deve ser concluída.
Quem toca as obras, no Rio Huallaga, a mais de 400 km da capital,
Lima, é a gigante brasileira Odebrecht. A usina é uma peça importante
para a Odebrecht, que tem olhos especiais para o território peruano,
onde atua há 33 anos e possui ao menos outros nove empreendimentos (AQUI e AQUI) em execução, desde rodovias a gasodutos e portos.
Há razões de sobra para justificar o interesse da Odebrecht no Peru.
As licitações para megaempreendimentos são menos concorridas no país
vizinho que em terras brasileiras, onde há mais empreiteiras a disputar o
filão. Tomemos como exemplo a própria usina de La Chaglla. Simplesmente
não houve concorrência na licitação. Segundo reportagem da revista
Carta Capital, o único adversário possível, a empresa peruana Chancadora
Centauro, desistiu ainda na fase de estudos, alegando não ter condições
de cumprir o prazo.