Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

É o caos também na Educação do DF

Quarta, 15 de janeiro de 2014

Cerca de 6 mil crianças vão ficar de fora do ensino público este ano 

O número corresponde aos estudantes até cinco anos de idade. Pais estão procurando a Defensoria Pública a fim conseguir um lugar para os filhos nos colégios do ensino infantil

Renata Mariz
Manoela Alcântara
Do Correio Braziliense

'É um desaforo ter que entrar na Justiça para conseguir vaga para o meu menino'
Odinea Castro, 38 anos, auxiliar de serviços gerais, que recorreu à Defensoria Pública a fim de tentar um colégio para o filho, João Lucas, de 5 anos (Carlos Moura/CB/D.A Press)
"É um desaforo ter que entrar na Justiça para conseguir vaga para o meu menino" Odinea Castro, 38 anos, auxiliar de serviços gerais, que recorreu à Defensoria Pública a fim de tentar um colégio para o filho, João Lucas, de 5 anos

A peregrinação de Odinea Castro, 38 anos, em busca de uma escola na rede pública de ensino começou cedo. Às 7h de ontem, ela saiu de casa, no Itapoã, com o filho João Lucas, de 5 anos. Enfrentou filas, foi a quatro instituições de educação infantil. E nada. O menino vai ficar mais um ano sem estudar. Embora a Lei nº 12.796 estabeleça a obrigatoriedade de matriculas na pré-escola a partir dos 4 anos, o prazo para as unidades da Federação se adequarem vai até 2016. Este ano, 6.109 crianças de zero a 5 anos ficarão fora da escola na capital do país.

O problema deve resultar em pelo menos 15 ações na Justiça contra o GDF. E o número deve subir. Mães aflitas vão todos os dias à Defensoria Pública à procura de um alento. Elas pedem uma solução para que os filhos comecem a frequentar uma instituição de ensino. “Em dezembro e em janeiro, a procura aumenta. O que percebemos é uma demanda muita alta. Às vezes, fazemos um pedido e vemos que existem outras 500 pessoas na fila”, afirmou a defensora pública do Núcleo da Infância e Juventude, Cecília Alves de Sousa. O maior problema é que as mães querem trabalhar e não têm onde deixar as crianças.
 
Até esta semana, o Núcleo da Infância e Juventude ajuizava os casos. Mas uma decisão do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) diz que o Núcleo de Iniciais de Brasília da Defensoria Pública, na 114 Sul, será o responsável por encaminhar as ações à Vara de Fazenda Pública. Independentemente do caminho percorrido, é na Justiça que Odinea deposita as últimas esperanças. Depois de tentar uma vaga pelo 156, em outubro, e ter procurado diversas escolas nas imediações onde mora, ela cansou da falta de perspectivas. Resolveu procurar a Defensoria Pública. “É um desaforo ter que entrar na Justiça para conseguir vaga para o meu menino”, lamenta Odinea.