Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Economia complica

Quarta, 22 de janeiro de 2014
Por Ivan de Carvalho
      O Brasil tem aproveitado as últimas semanas para evoluir nas decepções na área econômica e financeira. O Fundo Monetário Internacional, no que já começa a ameaçar tornar-se uma tradição, acaba de reduzir sua própria previsão de crescimento do Produto Interno Bruto do país para 2014 e 2015.
      No primeiro destes anos o FMI previra crescimento de 2,5 por cento. Agora baixou para 2,3 por cento. Em relação a 2015, a previsão do FMI para o PIB brasileiro era de um crescimento de 3,2 por cento, que acaba de cair para 2,8 por cento.
      Esses números são todos baixos por si mesmos, sejam os que representam as primeiras previsões para 2014 e 2015, sejam os que expressam a revisão do FMI para um crescimento mais baixo. É que nós ficaremos abaixo da média de crescimento econômico mundial, cuja previsão pelo Fundo é de 3,7 por cento para 2014 e 3,9 para 2015.
      Convém lembrar que o FMI está fazendo estimativas agora para um futuro que abrange dois anos e que em ocasiões anteriores – como, aliás, já começou a acontecer agora com as feitas inicialmente para este e o próximo ano – o FMI já fez previsões que tiveram de ser refeitas um tanto tardiamente. E, nos últimos anos, sempre para menos.
      Além dessas mudanças mais recentes nas previsões do FMI para o PIB brasileiro (elas não vão deixar a presidente Dilma Rousseff se apresentar em Davos com tom triunfante, talvez seja obrigada a preferir gabar o país por causa da Copa do Mundo e fazer um aceno sobre as menos próximas Olimpíadas do Rio de Janeiro), outros urubus estão voando no pedaço.
      Tivemos em 2012 um crescimento sem vergonha da economia, a inflação bateu no teto da meta, não o ultrapassando, quase certamente graças à contenção artificial das tarifas públicas e do jogo feito em torno dos preços dos combustíveis. Houve um problema sério com a balança comercial, que foi fortemente deficitária para o Brasil e o “superavit primário não atingiu a meta na realidade, mas somente no papel – a suposta “contabilidade criativa” que está muito mais para manobras declaradas “legais” pelo ministro da Fazenda, mas cujo conjunto representa um perfeito caráter de propaganda enganosa.
       E, apesar da festa oficial sobre o nível de emprego, até nesse item as novidades não são boas. Quando pesquisadas somente seis regiões metropolitanas, o desemprego é inferior a seis por cento, mas quando considerado todo o país o percentual sobe para 7,4 por cento. É bom não esquecer dos critérios esquisitos e muito “convenientes” para o governo que o IBGE utiliza para definir quem está desempregado, o que, naturalmente, ajuda a definir quanta gente está empregada.
      Mas indo a um detalhe importante nessa questão do emprego, o país (não o governo, isso deve ficar sempre muito claro) criou 1,1 milhão de empregos com carteira assinada em 2013, segundo informação do Cadastro Geral de Empregos divulgada ontem pelo Ministério do Trabalho. A quantidade de novas vagas foi 18,6% inferior em relação ao resultado de 2012, quando foram criadas 1,3 milhão de vagas. Mas nem este é o pior aspecto. Na verdade, o resultado de 2013 é o pior desde 2003 e ficou bem abaixo da meta do governo, de criar 1,4 milhão de novos postos de trabalho com carteira assinada.
ARTICULAÇÕES – Dirigentes do PSB e da Rede Sustentabilidade já estão em articulações com o PV e o PPS na Bahia, em um esforço para atrair estes partidos a uma coligação com o PSB, que já tem candidatas ao governo, a senadora Lídice da Mata e ao Senado, a ministra aposentada do STJ e ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon. O PV está aliado em Salvador ao governo de ACM Neto, tendo inclusive a vice-prefeita Célia Sacramento. Essa aliança com o prefeito, que é do DEM, no nível municipal, torna delicadas (mas não inviáveis) as articulações do PV com o PSB. Quanto ao PPS, o problema é outro. O partido, nacionalmente, já apoia a candidatura do PSB a presidente. Na Bahia, pode ser diferente, apoiando a outra candidatura de oposição (DEM, PMDB, PSDB, PTN, etc.) ou não, caso em que se aliaria ao PSB. Mas no segundo turno das eleições, o PPS, caso Lídice não esteja no segundo turno, não apoiaria o PT e estaria totalmente livre para apoiar o representante da oposição na segunda fase eleitoral.
Este artigo foi publicado originariamente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
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Comentário do Gama Livre: ainda no “cálculo” da taxa de desemprego, o governo brasileiro também inventou. Adotou o que pode ser denominada de “estatística criativa” (seria mais adequadamente chamada de uma “estatística da fajutice”). Por ela todos os beneficiários do Bolsa Família foram excluídos  do cálculo do desemprego. São considerados como não desempregados, pois passaram a ser enquadrados pelo IBGE na categoria de “trabalhadores desalentados”, isto é, trabalhadores que estão sem emprego e desistiram de procurar uma colocação no mercado de trabalho. Com isso são excluídos da População Economicamente Ativa, e desaparecem do cálculo do desemprego. Uma fajutice das maiores. E bota fajutice nisso.