Segunda, 6 de janeiro de 2014
Vídeo detalha esquema que teria tentado incriminar deputado
O deputado federal
Anthony Garotinho (PR-RJ) publicou em seu blog nesta segunda-feira
(06/01) um vídeo que mostra o rapaz identificado como Anderson Harry
Grutzmacher, que revela sua participação na tentativa de incriminar
o deputado e sua filha por infiltração em manifestações contra o governo
do Rio. Anderson teria entrado no PR a mando do presidente da Alerj,
Paulo Melo, para indicar ligação do partido com a organização de
protestos como o Ocupa Cabral e Ocupa Câmara. Anderson também fala do
envolvimento de pessoas como o líder do PT na Assembleia, Andre
Ceciliano, de um jornalista e do governador do Rio, Sérgio Cabral.
Matéria do O Globo
publicada em novembro destacava os depoimentos do mesmo Anderson como
parte do material da investigação policial sobre a contratação de
ativistas profissionais pelo PR. O vídeo agora revelado no blog do
Garotinho, contudo, mostra o "ex-militante do PR" contando detalhes das
conversas realizadas com Paulo Melo e André Ceciliano, e e-mails
trocados com o governador Sérgio Cabral e um jornalista para tentar
envolver Garotinho e a sua filha nas manifestações.
Anderson
teria participado de reuniões do PR e de encontros com ativistas para
registro de fotos e gravações que seriam utilizadas como provas contra o
PR depois. De acordo com a denúncia publicada no Blog, o esquema contou
com propina, tortura, provas forjadas, gravações clandestinas e
ameaças. A matéria também indica que mais detalhes do "farto material"
que revelou o esquema montado pelo trio PT, PMDB e Globo devem ser
revelados nos próximos dias.
"Todas as gravações que foram feitas
por mim, dentro do PR ou fora, ou quando alguém me ligava, eu tinha que
levar e apresentar aos deputados André Ceciliano e Paulo Melo", disse
Anderson no vídeo. Ele também informa que era orientado pelos dois, que
pagaram em mãos pelo serviço. Fala também de fotos que foram feitas com
Clarissa Garotinho, que, ressalta, nem o conhecia, com o Baiano e com
black blocs, para serem usadas para montagens depois. Conta ainda que,
"no final", chegou a ser ameaçado por Paulo Melo e André Ceciliano.
O JB tentou
entrar em contato com André Ceciliano, mas, de acordo com a assessoria
de imprensa, ele está em viagem e não estará disponível até a próxima
segunda-feira. A reportagem também entrou em contato com a assessoria de
imprensa do presidente da Alerj, Paulo Melo, que não respondeu até o
fechamento desta matéria, e com a assessoria das organizações Globo, que
não atendeu aos telefonemas.
A reportagem do O Globo de novembro destacava a participação
do assessor do deputado estadual Geraldo Pudim (PR), Sebastião Rodrigues
Machado Júnior, o Nayt, e "outros suspeitos de envolvimento no
recrutamento de ativistas 'profissionais'". Ressaltava conversas de
Anderson com o secretário-executivo do PR, Fernando Peregrino, e outros
integrantes da cúpula do partido. Peregrino chegou, inclusive, a
destacar para o jornal carioca que Anderson poderia ser um infiltrado
político, possivelmente ligado ao PMDB.
"Para terem ideia, num
trecho que divulgaremos mais adiante, Anderson diz que foi levado para
uma delegacia e colocado nu durante três horas para que aceitasse mudar
seu depoimento a fim de incriminar a mim e a filha Clarissa
Garotinho. Neste pequeno trecho de hoje, porém, há uma denúncia
gravíssima. O presidente da Assembleia Legislativa, dentro do gabinete
da presidência, pagou R$ 5 mil em dinheiro vivo. O fato é gravíssimo e
não temos a menor dúvida de que as imagens, áudios e documentos que
divulgaremos nos próximos dias provocarão uma imensa revolta na opinião
pública", disse Garotinho em seu blog.
Geraldo Pudim reforça denúncia ao Ministério Público e pede ação da Alerj
A
publicação de Garotinho reforça ainda que, para garantir a segurança de
Anderson antes da divulgação do material coletado, o deputado Geraldo
Pudim iria hoje ao Ministério Público para protocolar um pedido para que
o denunciante seja incluído no Programa de Proteção à Testemunha.
Em conversa por telefone com o JB,
Pudim ressalta que a matéria do O Globo foi produzida no mesmo momento
em que a ocorrência foi aberta na polícia. Na época, Pudim chegou a
protocolar denúncia no Ministério Público e na Alerj, mas sem tantos
elementos como se tem agora com as declarações de Anderson. De acordo
com ele, o "aparelho estatal está comprometido" e tudo teria sido uma
grande armação, com participação de setores da polícia do Rio de
Janeiro.
"Isso
é uma forma diabólica, envolvendo PT, PMDB e Globo, que é inimigo
notório do Garotinho, para tentar prejudicar sua campanha, utilizando o
Anderson. Diante disso, eu já havia entregue ao corregedor da Alerj essa
denúncia, antes do recesso, com pedido de providência, nós fomos ao MP.
O Anderson está, obviamente, apavorado. Ele resolveu falar a verdade.
Esse rapaz foi usado de forma cruel. Eu espero que, diante dos fatos, o
corregedor da Alerj tome as providências. Isso pode ir mais além do que a
gente imagina", declarou Pudim, que disse ainda que Anderson procurou
os advogados do partido atrás de proteção.
= = = = = = = = = = = = = = = = = = =