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(Millôr Fernandes)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

PMDB vai ao ataque

Terça, 21 de janeiro de 2014
Por Ivan de Carvalho
      O PMDB está infernizando a presidente Dilma Rousseff, para cuja reeleição a coligação com o PMDB é considerada essencial pelo PT e o apoio efetivo dos peemedebistas nos seus estados é considerado muito importante.
      No momento, o PMDB tem três pendências importantes com o PT e o governo de Dilma Rousseff. Com este, está a questão da participação dos peemedebistas na administração federal. Atualmente, o PMDB tem cinco ministérios, mas, considerando que o número total de ministérios e secretarias com status ministerial atinge a absurda quantidade de 39, o PMDB exige mais um.
      E não quer coisa sem importância. Pleiteou o Ministério de Integração Nacional, devolvido pelo PSB logo depois deste partido resolver lançar candidato próprio a presidente da República, o presidente nacional da legenda e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
      Dilma Rousseff, no entanto, resolveu dar outro destino ao Ministério da Integração Nacional e o PMDB, dissimulando apenas parcialmente a insatisfação, passou a reivindicar a Secretaria Nacional de Portos. Não recebeu uma negativa, mas não foi ainda atendido. A questão continua em aberto, o que não é agradável para o maior aliado do governo do PT.
      As outras duas pendências mais importantes estão no Ceará e Rio de Janeiro. No Ceará, o governador Cid Gomes, que recentemente deixou o PSB e ingressou no Pros, quer indicar um candidato ligado a ele para sua sucessão. O PMDB tem um candidato declarado, praticamente em campanha, o senador Eunício Oliveira. No momento, o Pros de Cid Gomes, o PMDB e o PT são aliados no Ceará. Mas como estão postas as coisas, Pros e PMDB serão adversários. O PMDB não aceita que o PT apoie o candidato de Cid Gomes. Prefere, mais, insiste, que o PT apoie o senador Eunício. Este conta com a cobertura do comando nacional do PMDB, mas o PT não parece ter boa vontade para isso e fica falando que o bom mesmo é que todo o grupo de aliados de hoje continue aliado nas eleições de outubro. É uma maneira de adiar uma decisão ou de adiar revelação de decisão já tomada.
      A pendência no Rio de Janeiro é ainda mais aguda. A crise entre PMDB e PT chegou a um ponto de ebulição. Peemedebistas dizem que o presidente nacional do PT, Rui Falcão, “agrediu” o PMDB no sábado, ao marcar data para romper com o governador Sérgio Cabral, deste partido e com índices de popularidade muito baixos atualmente. Cabral, que ia renunciar ao governo em março, deixando-o a cargo do vice e candidato a governador Fernando Pezão, também do PMDB, resolver antecipar a saída.
      O PMDB do Rio de Janeiro exige que o comando nacional do PT interfira para impedir que o senador petista Lindberg Farias seja candidato a governador, concorrendo com o peemedebista Pezão. Lindberg já lançou a candidatura, tem a solidariedade do PT fluminense e é um candidato muito competitivo. Sua candidatura pode levar o Rio de Janeiro, joia da coroa do PMDB, para o PT. O PMDB fluminense exige que o PT não tenha candidato a governador no Rio de Janeiro.
      Peemedebistas, como o líder do partido na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, dizem que a situação no Rio e também, de quebra, no Ceará, podem influir no modo como o partido vai se comportar em relação à tentativa de reeleição de Dilma Rousseff para presidente. Radicalizando, ele até sugere, dentre outras, a hipótese do PMDB “mudar de lado”, formalmente, na sucessão presidencial. Mas é claro que isso é praticamente impossível de acontecer.
      No entanto, o PMDB traçou nova política para se relacionar, no aspecto político-eleitoral, com o governo e o PT. A convenção nacional peemedebista, que poderia ser feita em junho, deverá ser antecipada para abril. E nela serão decididas duas condições em troca do apoio à tentativa de reeleição de Rousseff. Uma delas é a liberação total dos diretórios regionais (estaduais) que queiram fechar com a oposição, como o da Bahia, e aliança em estados considerados “estratégicos”, do que são os exemplos mais notórios o Rio de Janeiro e o Ceará. Aliança significando o PT coligar-se com o PMDB, ao qual caberia indicar o candidato a governador.
      Lideranças peemedebistas assinalam que essa questão relacionada com a antecipação da convenção nacional é uma coisa e a participação do PMDB no ministério, onde o partido quer mais uma pasta, é outra coisa.