Domingo, 19 de janeiro de 2014
Você sabia que existem três outros
pré-candidatos, que, por não serem “adoradores do mercado” e
subservientes principalmente ao capital internacional, não são divulgados pela
mídia?
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Paulo Metri – conselheiro do Clube de Engenharia
Dizer que o poder emana do povo enobrece qualquer
constituição. Serve também para emocionar as massas, como fez o grande jurista
Sobral Pinto ao citar o conceito, que, na verdade, é mais um desejo do que uma
determinação seguida, para um contingente humano incalculável em um dos últimos
comícios das “Diretas Já”. Nesta época, muitos criam que eleger o presidente
significaria resolver os problemas da sociedade.
Edward Bernays (1891-1995), considerado um dos pais
da propaganda, dizia que: "A manipulação consciente e inteligente dos
organizados hábitos e opiniões das massas é um importante elemento na sociedade
democrática. Aqueles que manipulam estes mecanismos ocultos da sociedade
constituem um governo invisível que é o verdadeiro poder existente do país. Nós
somos governados, nossas mentes são moldadas, nossas preferências são formadas,
nossos pensamentos sugeridos, em grande parte, pelo homem que nós nunca ouvimos
falar.” Bernays não via a manipulação de massas como um problema ético.
Pelo contrário, a via como um fato benéfico para a sociedade, pois escreveu: “Isto
é um resultado lógico da maneira como nossa sociedade democrática está
organizada. Grande número de seres humanos deve cooperar desta forma se eles
vão viver juntos como uma sociedade que funciona perfeitamente”.
Edward S. Herman e Noam Chomsky, no livro “A
Manipulação do Público – Política e Poder Econômico no uso da Mídia”
(2003), explicam, através da descrição do modelo de tratamento das notícias,
chamado de modelo dos cinco filtros, como as informações são manipuladas antes
de serem publicadas. Na base de tudo, estão os interesses financeiros e de
poder.
No Brasil, como em muitos outros países, se o
cidadão forma sua opinião através das mais comuns fontes de informação
existentes, quais sejam, televisões, rádios, jornais, revistas e alguns sites,
todas ligadas ao capital, a compreensão dele do mundo está comprometida. Quase
nenhuma das posições divulgadas por esses meios, relacionadas com poder e
dinheiro, é a de maior interesse para a sociedade.
Além disso, as grandes agências de notícias são
também controladas pelo capital. Contudo, este mundo virtual, cheio de
inverdades, pode ser exterminado. Se o cidadão quiser se desintoxicar deste
mundo, implantado na sua mente sem a sua permissão consciente, basta buscar
entender a outra versão de cada fato e constatar, através de raciocínios
lógicos, que a nova versão faz mais sentido que a anterior. Também, o cidadão
deve, urgentemente, selecionar melhor os seus canais de informação.
A afirmação “o Brasil vive em plena democracia”,
frequentemente transmitida como uma verdade absoluta, precisa ser analisada.
Primeiramente, se a citação refere-se à democracia econômica, é óbvio que se
trata de uma mentira deslavada, pois, apesar da melhoria dos últimos anos, o país
ainda contém uma imensa desigualdade de renda e riqueza na população. Sobre a
democracia política, pode-se dizer que, hoje, não se sofre mais o patrulhamento
ideológico, que existiu durante a ditadura militar. Entretanto, se sofre,
atualmente, o cerceamento do acesso a informações fidedignas, graças à ditadura
midiática, que nos é imposta.
Outra afirmação enganosa da mídia, tomada como
exemplo é: “os Estados Unidos lutam pela liberdade e a implantação de
democracias ao redor do mundo”. O capitalismo internacional tem nos Estados
Unidos a sua expressão mais radiante. Os interesses deste país são basicamente
os interesses do capital lá domiciliado. Então, a liberdade citada, assim como
a democracia a ser implantada, são aquelas necessárias para as empresas estrangeiras
poderem acessar os mercados domésticos e os recursos naturais dos países, onde
a “democracia” for imposta.
Por mais incrível que possa parecer, o povo
estadunidense é tão alienado politicamente quanto o brasileiro, ou até mais,
apesar do seu nível educacional ser mais elevado que o nosso. Isto ocorre
graças também à mídia do seu país e, em parte, ao seu sistema educacional, que
prepara o cidadão mais para a satisfação do mercado do que para o próprio
enfrentar a vida. Os Estados Unidos têm dois grandes partidos políticos, que,
em linhas gerais, são idênticos. Desta forma, o cidadão estadunidense, ao
votar, muitas vezes escolhe entre a posição suave ou a radical, mas ambas de
interesse do capital.
A mídia brasileira não divulga o essencial. Por exemplo,
a inflação de 2013 ficou em 5,91%, abaixo da meta, graças ao comprometimento da
saúde financeira das estatais do setor elétrico, pois a redução do item
“Energia Elétrica Residencial”, que tem um peso razoável no cálculo do IPCA,
foi substancial. Para o governo, era importante conter a inflação, além de
entregar energia mais barata à população, o que é meritório. As empresas
privadas de distribuição elétrica nos grandes centros consumidores não perderam
e nem ganharam nada. Entretanto, as estatais geradoras tiveram seu patrimônio
dilapidado. Equipes técnicas, que levam anos para serem formadas, também foram
dispensadas. Parece até que isto é parte de um plano de médio prazo para
privatização delas. Notar que houve um silêncio absoluto da mídia com relação
às perdas que este setor iria sofrer.
A mídia distorce a verdade. Por exemplo,
recentemente, os jornais noticiaram que o governo usou a artimanha de
exportação com importação casada de plataformas de petróleo, que nem saíram do
país, para poder fechar suas contas externas. Esta versão é desonesta, pois o
que ocorreu foi a aplicação do que o Regime Aduaneiro Especial do Setor de
Petróleo (REPETRO), implantado há mais de 14 anos, permite e que tem sido feito
desde então. Os jornais só divulgaram este fato agora, com 14 anos de atraso,
porque o objetivo era criticar o governo Dilma.
Recentemente, foi dito que “a Petrobras deveria
seguir o exemplo da petroleira da Colômbia, cujo valor de mercado é tal e tem
só tantos empregados”. Bom valor de mercado beneficia basicamente os
acionistas, enquanto uma empresa pública pode ter um valor de mercado baixo e,
entretanto, beneficiar a sociedade. Só a lógica neoliberal explicaria porque
uma sociedade deve se preocupar em beneficiar os investidores em Bolsa de
Valores e não beneficiar a si própria.
Os três pré-candidatos a presidente bem cotados,
segundo a mídia, são os únicos divulgados por ela. Assim, neste momento, o
capital, através da sua mídia, tendencia, pela manipulação da sociedade, a
escolha do próximo presidente. Você sabia que existem três outros
pré-candidatos, que, por não serem “adoradores do mercado” e
subservientes principalmente ao capital internacional, não são divulgados pela
mídia? Por tudo isso, o que se pode esperar de reais mudanças na sociedade, a
partir de pré-candidatos que aceitam acordo prévio com o diabo?