Terça, 28 de janeiro de 2014
Jornal do Brasil
O Rio de Janeiro
viveu, na manhã desta terça-feira (28), mais um dia de caos. Caos que
vem se tornando rotina na cidade, governada por autoridades mais
dedicadas à destruição do que à construção que, num passado remoto, era a
marca registrada do Rio.
Cidade que, há algumas décadas, com
Carlos Lacerda, Leonel Brizola, entre outros, viveu momentos de
desenvolvimento, com símbolos como o Maracanã, o Aterro do Flamengo, a
Ponte Rio-Niterói, o Túnel Rebouças, os Cieps - entre tantas grandes
obras que vieram para ficar - orgulhando e beneficiando a população
carioca.
Hoje o carioca vive a rotina do transtorno e da
destruição, com a Perimetral vindo abaixo e a Via Binário alagando no
primeiro dia de chuva forte, e a cidade se transformando num canteiro de
obras milionárias que servirão de maquiagem durante os poucos dias da
Copa do Mundo e da Olimpíadas.
Carioca que enfrenta o pesadelo dos
engarrafamentos e do sacrifício diário para ir e voltar do trabalho sem
qualquer alternativa nas vias saturadas da cidade. Engarrafamentos que
não apenas prejudicam motoristas, mas comprometem até o socorro a
vítimas, já que mesmo as ambulâncias ficam retidas nas ruas da cidade.
A
queda de uma passarela, causada por um caminhão que ostentava o símbolo
da prefeitura, e que deixou quatro mortos, simboliza este momento de
tormento e destruição que a cidade vive. A prefeitura nega que a empresa
responsável pelo caminhão estava a seu serviço, afirmando que ela
estava apenas "credenciada". Momentos depois, o adesivo da prefeitura
foi arrancado do caminhão, adulterando peças do acidente antes da
perícia ter se concluída. Sinais de um governo que já deu outras mostras
de autoritarismo, negligência e falta de compromisso com a população.
Um
governo que não fiscaliza suas concessionárias, não age com rigor
cobrando um serviço de qualidade para a população, mas que sabe vir a
público falar para o carioca evitar usar seus carros, voltar mais cedo
para casa nos feriados e avisa que "o transtorno se faz necessário",
como fez Eduardo Paes na véspera do fechamento total da Perimetral.
Enquanto
a cidade é transformada num canteiro de obras e a vida do carioca num
inferno, profissionais que simbolizam o que há de mais nobre e
fundamental para a população, como os professores e os bombeiros,
enfrentam a truculência dos governos, e são expulsos debaixo de
cassetetes quando reivindicam melhores condições de trabalho e reajuste
salarial.
E a população de baixa renda, nas comunidade ditas
"pacificadas" pelo governo, enfrentam remoções e abusos policiais, que
muitas vezes resultam até em morte.
O que querem os governantes?
Que respeito eles têm com os cidadãos? O Rio de Janeiro e seus
habitantes, que já viveram o progresso e o desenvolvimento genuíno e
consistente, não merecem tanto descaso, tanta arrogância e tanta
prepotência de quem maquia a cidade e descarta suas principais e
verdadeiras urgências.