Quinta, 16 de janeiro de 2014
Gilberto MaringoniA truculência dos donos de shoppings centers contra os rolezinhos de jovens pobres acaba por mostrar os limites da propalada “inclusão social” da última década e a empulhação do conceito de “nova classe média”.
Há uma expansão desenfreada de shoppings – 38 a mais em todo o país, em 2013 – mas nenhuma expansão dos direitos de cidadania.
Com a redução e a precarização do espaço público urbano – ruas mais
perigosas, serviços cada vez mais privatizados etc. – produziu-se uma
realidade virtual. A de que os shoppings – com suas áreas de
alimentação, vitrines reluzentes, formas arquitetônicas pretensamente
modernosas, segurança e asseio, – teriam tudo o que falta nas ruas,
parques e praças. Uma espécie de espaço público mais eficiente,
exatamente por não ser público.
Tudo está à mão, tudo é facilitado, tudo em dez vezes sem juros. Mas o
“espaço público” dos shoppings é virtual. Não é para encontros,
combinações, lazer ou beijar na boca.
Só é quando encontros, combinações, lazer ou beijar na boca são para se fazer compras.
Shopping faz inclusão no cadastro, no crediário e no mailing. Não faz
inclusão social. Rolezinho de jovens pretos, pobres e periféricos não
pode. Shopping é lugar de rolê da mercadoria.
Fonte: Tribuna da Internet