Quarta, 22 de janeiro de 2014
Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Não está descartada a convocação
das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança para atuar durante a
Copa do Mundo, que começa em junho. A informação foi dada hoje (22)
pelo coordenador da Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes
Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, Humberto Freire, após
entrevista à imprensa estrangeira, no Rio.
“As Forças Armadas têm seu papel no eixo defesa e uma das atuações
nesse eixo é a de ser uma força de contingência”, declarou o
coordenador. Segundo ele, a convocação de militares é uma das
possibilidades, mas depende de aprovação da Presidência da República. “O
plano da segurança é fazer frente a qualquer ocorrência e essa força de
reserva é posta como possível”, reforçou.
O coordenador da Sesge, que é delegado da Polícia Federal, esclareceu
que as forças policiais vão atuar para dar segurança às delegações e
representantes de governos, além de garantir a realização dos jogos do
Mundial. No caso de manifestações, ele confirmou que o planejamento leva
em consideração dois tipos de protesto: os “legítimos e legais” e os
“violentos e ilegais”.
“Atos
de vandalismo e violência criminosa que derivem de manifestação
merecerão atenção da segurança e serão coibidos”, afirmou Freire.
Como parte do planejamento para a Copa do Mundo, a Sesge investiu
mais de R$ 40 milhões na compra de armas de baixa letalidade, como balas
de borracha, spray de pimenta e tonfas (tipo de bastão
semelhante ao cassetete) . “Realmente estamos comprando esse material
para suprir os órgãos de segurança pública”, confirmou. Também estão
sendo adquiridos equipamentos de proteção individual para os policiais,
como escudos.
Para episódios de abuso policial contra manifestantes e jornalistas, o
coordenador informou que os policiais recebem treinamento constante e
que todas as denúncias devem ser registradas em delegacias de polícia.
Em 2013, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
contabilizou 102 casos de agressão a jornalista durante a cobertura de manifestações, até outubro.
“Atos que, por ventura, sejam realizados com excesso, são apurados e
coibidos, como na Copa das Confederações”, disse. Na ocasião, na
avaliação do delegado, a atuação das polícias foi eficaz. “Garantimos o
evento, a participação dos espectadores e das equipes”, argumentou.
No Rio de Janeiro, a Polícia Civil chegou a abrir inquéritos para investigar abuso de autoridade
por parte de policiais militares do Batalhão de Choque. Entre os casos
apurados estão o de uma mulher sozinha que foi atingida no rosto com spray
de pimenta e o do confronto em frente a uma delegacia após a detenção
de 29 pessoas em manifestação no Palácio Guanabara, sede do governo
estadual. À época, o Ministério Público também abriu investigação para apurar as denúncias de excesso policial.
Durante a entrevista, Humberto também não descartou, mediante
solicitação prévia, fazer a segurança de jogadores e personalidades fora
da agenda oficial de jogos, no horário de lazer, já que eles podem
querer fazer passeios pelas cidades. “Caso seja seja verificada a
necessidade de deslocamentos extras, isso será reportado aos centros de
comando, que avaliarão a estrutura necessária”, explicou.