Quarta, 29 de janeiro de 2014
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
O comércio envolvendo dados pessoais dos usuários
da internet precisa ser discutido amplamente pela sociedade, na opinião
do professor adjunto da Universidade Federal do ABC e ativista Sérgio
Amadeu. Ele chama atenção para o fenômeno que chama de “economia da
intrusão”, onde grandes empresas lucram recolhendo e vendendo
informações pessoais. “Você tem uma economia de corporações que usam o
rastro digital, entram na máquina das pessoas. Acompanham as pessoas na
sua navegação, no seu cotidiano digital para formar esses perfis”,
explicou Amadeu após participar de debate hoje (28) na Campus Party,
importante evento de tecnologia que ocorre durante esta semana na
capital paulista.
Segundo Amadeu, redes sociais, aplicativos para celular e até softwares de bancos recolhem informações dos usuários, mesmo quando o usuário está desconectado do serviço. “Você tem softwares que entram no sistema operacional e, depois que você saiu do site do
banco, acompanham a sua navegação”, exemplifica. “Dados da nossa
intimidade, da nossa vida cotidiana, que não são de interesse do Estado,
da lei ou da Justiça, interessam só a nós”, detalha sobre o tipo de
informação que é armazenada.
Esses dados são usados, de acordo com o professor, para a elaboração
de perfis de comportamento, de consumo, psicológicos e sociais dos
internautas. “Você tem uma economia de corporações que usam o rastro
digital, entram na máquina das pessoas. Acompanham as pessoas na sua
navegação, no seu cotidiano digital para formar esses perfis”, ressalta.
As autorizações, que aparecem como termos de uso em diversas aplicações
e programas, muitas vezes, concedem às empresas o uso dessas
informações.
No entanto, Amadeu pontua que como não existe uma conscientização
sobre esse tema, as pessoas não percebem o que estão cedendo ou
autorizando. “As grandes corporações sabem que as pessoas têm o direito
de proteger esses dados. Mas, ao mesmo tempo, elas sabem que esses dados
são extremamente valiosos”, destaca o professor, que defende a
proibição de algumas dessas práticas. “A questão é que a sociedade
precisa ter consciência disso e saber opinar sobre isso. É tão
importante quanto escolher um presidente”, compara.
Uma das formas dos usuários de internet protegerem seus dados
pessoais é com o uso de navegadores e programas de criptografia, que
codificam os dados enviados e recebidos pelo computador ou celular. “A
criptografia é uma forma de proteger o seu HD [disco rígido], a sua
comunicação e só deixar ler e acessar quem você quiser”, explica.