Sexta, 10 de
dezembro de 2013
Por Ivan de Carvalho
Tribuna da Bahia
Tribuna da Bahia
O apoio do ex-prefeito de Salvador, João
Henrique Carneiro, não tem sido requisitado, até onde de se nota, por qual
agrupamento de forças políticas disposto a disputar as eleições majoritárias na
Bahia e isto não surpreende, pois ele não saiu da prefeitura com uma boa imagem
de administrador ou político. Seu apoio seria útil em algumas áreas da
periferia, mas esse benefício seria neutralizado, seguramente, pela percepção
de um mau desempenho geral, sobretudo no segundo mandato.
No
primeiro mandato, foi salvo pela entrada do PMDB em seu governo, com a
viabilização de obras e de articulações políticas que resultaram em sua
reeleição. Mas depois o prefeito reeleito e o PMDB se desentenderam, os
peemedebistas deixaram a administração municipal e esta iniciou uma queda em
parafuso que só parou quando o cargo foi transmitido para o novo prefeito, ACM
Neto. Ou até se poderia dizer que a queda extrapolou o tempo do segundo mandato
de João Henrique, afirmação que encontraria fundamento na rejeição sistemática
de suas contas que haviam ficado por votar pela Câmara Municipal.
Isto
inviabilizou legalmente a candidatura dele a deputado federal ou a qualquer
outra coisa, daí que deverá apresentar a mulher, Tatiana Paraíso, ex-secretária
de Saúde, como candidata a deputada federal. Ela será a representante dele,
além de representar os eleitores que votarem nela. O ex-prefeito praticamente
só faz política na capital. Outra é a história dos políticos do restante da
família – o senador João Durval, do PDT, ex-deputado federal, ex-governador e
duas vezes prefeito de Feira de Santana e seu filho, Sérgio Carneiro, deputado
estadual e depois federal, candidato a prefeito de Feira de Santana e
atualmente suplente de deputado federal.
Senador João Durval. Foto Senado
Na
Câmara, Sérgio Carneiro, que está há tempo no PT, sempre foi um deputado
prestigiado e destacado, tendo-lhe cabido, entre outras coisas, a importante
relatoria do projeto para o novo Código de Processo Civil. Em Feira, tem seu
nicho de votos em conjunto com o pai, João Durval. E este, aí está o problema,
não é do PT, mas do PDT e ocupa a cadeira de senador que estará em disputa nas
eleições de outubro na Bahia e para a qual o governismo já escolheu um
candidato, o ex-governador e atual vice-governador Otto Alencar.
Acontece
que dois fatos concorrem para uma complicação do quadro. Um deles é a disputa
entre o PDT (Marcelo Nilo, presidente da Assembléia Legislativa) e o PP (Mário
Negromonte, ex-líder nacional do partido e ex-ministro de Cidades, além de
deputado federal, presidente estadual e vice-presidente nacional do PP) pelo
lugar de candidato a vice na chapa governista. É a vaga que resta na chapa.
O
outro fato complicador é que, do alto de seus 82 anos, o terceiro senador
brasileiro em idade, João Durval faz saber (e não de agora, mas já de algum
tempo) de sua disposição ou desejo de ser candidato à reeleição. E Durval
deixou, entre as muitas coisas que fez no governo baiano, duas muito marcantes:
o tratamento, que se pode chamar até de carinhoso, que deu aos servidores
públicos estaduais, que se tomaram de um grande amor por ele; e, além da
atenção dada a sua querida Feira de Santana, desdobrou-se em esforços para
desenvolver o semiárido do nordeste baiano, a região do sisal, onde ninguém o
esqueceu até hoje e onde muitos ainda o amam como governante que não falhou com
a região.
Acontece
que a vaga de candidato a senador já está ocupada na área governista e João
Durval não cabe na vaga de candidato a vice. E ele é do PDT, assim como um dos
candidatos a vice, Marcelo Nilo. Será, considerado o complexo e difícil cenário
eleitoral baiano, uma estultície o governismo tirar João Durval de campo de uma
forma que seja menos que respeitosa, honrosa e extremamente carinhosa. Mas o
afastamento de Durval, do PDT, representa, sem dúvida, um reforço, sob o
argumento de compensação, ao outro nome do PDT na batalha para entrar na chapa
governista, o deputado Marcelo Nilo. Ao mesmo tempo que aumenta o stress pedetista caso o presidente da
Assembléia não seja contemplado.
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Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.