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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

65% dos brasileiros querem mudança. Mas mudar o quê, escolhendo entre os atuais candidatos?

Sexta, 21 de fevereiro de 2014

Por Carlos Newton
Tribuna da Internet
   É preciso concordar com a opinião do jurista Jorge Béja e do jornalista Heron Guimarães, editor do jornal O Tempo, de Belo Horizonte, sobre o desalento que nos é provocado pela fase patética que a política brasileira atravessa. Para quem tinha 20 anos na Revolução de 64, como o locutor que vos fala, a sensação é de que nossa geração fracassou.
   A duras penas, após 21 anos conseguimos recuperar a plenitude democrática, mas o que fizemos? Quando os civis retomaram o poder em 1985, a Presidência caiu no colo de José Sarney, nem deu para sentir diferença em relação ao regime militar.
   Depois, grande esperança em Fernando Collor, que representava uma salutar renovação, mas o resultado foi dantesco. Em seguida, um governo muito bom de Itamar Franco, nacionalista e íntegro, deixou saudade, mas não havia reeleição. O poder então caiu no colo de Fernando Henrique Cardoso, um dos maiores enganadores da História, que começou sua gestão dizendo: “Esqueçam tudo o que eu disse ou escrevi antes”. E alienou as riquezas do país, mostrando que se tratava de uma geração de fracassados.

AINDA HAVIA ESPERANÇA
   Lula surgiu então como uma grande esperança, mas não tinha um projeto de governo, sua equipe apenas alimentou a economia pela via do consumo e do crédito. O país cresceu, na onda da economia internacional, puxada pela China, e houve uma fase de muita empolgação. Inventaram uma classe média em que cada membro da família ganha apenas R$ 300 por mês, vejam que disparate, e o criador desta ilusão, o economista Marcelo Neri, acabando virando ministro de Assuntos Estratégicos, um disparate inominável.
   Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente, veio no embalo dessa política aparentemente vitoriosa, mas a fórmula agora está esgotada, a crise bateu na porta do governo, o chamado Custo Brasil é cada vez maior, não houve as indispensáveis obras de infraestrutura, os investidores estão desestimulados.
   Este é o quadro neste ano, em que será disputada a eleição presidencial, a ser travada entre Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos, se Lula, José Serra e Marina Silva realmente desistirem e o ministro Joaquim Cardoso não aceitar a candidatura.

QUEREM MUDANÇA
   A mais recente pesquisa eleitoral diz que 65% dos brasileiros querem mudança. Mas mudar o quê, com esses candidatos? Entre os seis que já apresentaram seus nomes, apenas Eduardo Campos pode significar alguma mudança. Mesmo assim, ninguém sabe a que veio, qual o seu programa, o que pretende fazer. Será nacionalista, vai lutar pelas empresas nacionais e pelos interesses do povo deste país, ou será mais um enganador?
   E Joaquim Barbosa continua uma incógnita. Não admite ser candidato, mas não anuncia peremptoriamente que não será. Fica em cima do muro, compreensivelmente, porque não pode abandonar o processo do mensalão antes do fim, caso contrário Ricardo Lewandowski assume a presidência do Supremo e dá um  jeito de soltar os petistas.
   Quanto aos demais envolvidos no mensalão, Lewandowski nem liga. Jamais deu uma palavra em defesa deles. Interessante… Não seriam também injustiçados?