Terça, 25 de fevereiro de 2014
O
editorial de O Globo no domingo é categórico:
-
O raciocínio de que a violência é necessária para acelerar transformações que
tornem o país melhor “é de um extremo equívoco”.
-
“É saudável e legítimo que o povo, organizado ou não, saia às ruas para cobrar
os seus direitos. Mas ninguém, numa democracia, pode querer alcançar esses
direitos pela violência. Quem utiliza a violência como método para corrigir
injustiças sociais ou fazer valer direitos se põe fora da democracia, bebe na
fonte do totalitarismo e deve arcar com as consequências de seus atos”.
Os
conceitos emitidos por O Globo dizem respeito ao Brasil. A julgar por seus
editoriais e pelos artigos publicados, não valem para a Venezuela.
Mas
não é difícil presumir a resposta que O Globo deve ter na ponta da língua:
1
– Na Venezuela não há democracia.
2
– Os manifestantes venezuelanos não são violentos, só o governo e seus aliados
é que cometem violências.
Duas
mentiras, mas reforçadas a todo o momento pela cobertura parcial, tendenciosa e
superficial dada pela grande imprensa brasileira ao que ocorre na Venezuela.
Existe
democracia na Venezuela, onde há sempre eleições, a Constituição foi aprovada
em referendo popular, há partidos de oposição e jornais e emissoras de TV
pregam abertamente a derrubada do governo legítimo. O problema é que lá a
direita perde as eleições e a esquerda não se alia com ela para governar.
E
a violência começou com um movimento que se justifica pela tese de que o povo
nas ruas é que conseguirá derrubar o governo antes das próximas eleições. E
cujos integrantes usam coqueteis molotov, bombas, arames farpados e até
revólveres nas manifestações. Atacam e queimam prédios públicos, buscando a
repressão que justificaria a “revolta”.
Para
O Globo, aqui são black blocks que têm de ser presos. Lá, são democratas bem
intencionados.