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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Internação no corredor do Hospital Regional de Taguatinga

Quinta, 20 de fevereiro de 2014

Filha de paciente de 88 anos reclama da falta de estrutura. Governo reconhece superlotação

Ludmila Rocha — Jornal de Brasília
Ela tem 88 anos, sofre de problemas cardíacos, é hipertensa, diabética, está com pedras na vesícula e sente dores. Ainda assim, aguarda, em uma maca   do Corpo de Bombeiros, no corredor, por um leito na Emergência do Hospital Regional de Taguatinga (HRT).  Maria Rainha de Jesus chegou ao hospital na tarde da última terça, e, após aguardar mais de oito horas sentada em uma cadeira, comemorou, em vez de reclamar, quando pôde finalmente recostar-se em uma maca. 


“Primeiro, arrumaram uma cadeira comum, onde ela ficou das 13h  às 21h. Em seguida, apareceram com uma cadeira de rodas, onde queriam que ela passasse a noite. Só depois de reclamarmos muito é que conseguiram uma maca”, alega a dona de casa Vera Apparecida, 54 anos, filha da idosa. 

A  acomodação de pacientes no corredor, porém, é irregular. “Há uma placa  dizendo que é proibida a permanência de macas no espaço, mas, claro, ninguém respeita. E a justificativa é a de sempre: que todos os leitos estão sendo utilizados por pacientes em estado mais grave e não há onde colocar tanta gente”, reclamou. 

A mulher contou que a mãe é moradora do Recanto das Emas e o primeiro lugar onde buscou atendimento foi a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, na semana passada. “Ela estava com febre  e pressão baixa. Após ter ficado internada por três dias na UPA à espera de exames, disseram que o caso era grave e pediram que procurássemos um hospital. Fomos a uma clínica particular. O médico   afirmou que o caso era cirúrgico, mas disse que antes do procedimento, em função de ela   ter problemas cardíacos, precisaria colocar um marca-passo. Foi aí que procuramos o HRT”.  

Situação delicada

Assim que chegou ao hospital - com pressão arterial a 6x2 e os batimentos cardíacos a 32 batidas por minuto -   Maria teria sido encaminhada para fazer exames de sangue. “O médico disse que só poderia medicá-la após verificar os exames”, comentou a filha. O problema é que o resultado só saiu por volta das 20h30 e, antes de  finalmente ser medicada,   ainda precisou aguardar o retorno ao médico.

Vera   conta que os enfermeiros e técnicos  até tentam ajudar, mas faltam equipamentos. “O pessoal faz o que pode, eles estão sendo educados e atenciosos, mas não depende deles. Falta material básico”, lamentou. 

Problema Frequente
Pacientes e familiares reclamam que casos como o da idosa acontecem todos os dias no HRT. “Falta de leito é a coisa mais comum aqui”, afirmou Juliana Matos, irmã de um paciente. Segundo eles, só ontem pela manhã novas macas estavam sendo providenciadas para os pacientes que se acumulavam nos corredores.

Mais unidades em breve
Procurada, a Secretaria de Saúde informou que a paciente  está sendo acompanhada por clínicos no HRT, está sendo medicada e passa  por exames. “A paciente foi classificada como verde, ou seja, sem risco de morte (acima do verde temos as cores amarelo, laranja e vermelho). A SES informa que os atendimentos  ocorrem de acordo com a classificação de risco, não por idade. Os pacientes mais graves têm preferência no atendimento”, diz a pasta. 

A Saúde explica como funciona a classificação: pacientes classificados como vermelhos, laranjas e amarelos devem procurar os hospitais, pois são situações mais complicadas. Já pacientes classificados como verdes e azuis devem buscar  os centros de saúde. “Apesar disso, todos os pacientes que chegam ao hospital são atendidos”, reforça.

A Emergência do HRT tem 62 leitos. Hoje, segundo a pasta, há 147 pacientes na emergência – 60% da Região Metropolitana. “A demanda é cada vez maior e, por isso, diversas ações têm acontecido, como a construção de nove clínicas da Família, quatro UPAs, reforma e ampliação das unidades e contratação de mais de 14 mil funcionários nos últimos três anos”.


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília