Sexta, 28 de fevereiro de 2014
André Richter - Repórter da Agência Brasil
A Vara de Execuções Penais (VEP)
do Distrito Federal vai investigar mais uma denúncia de que o
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu recebeu visitas no presídio fora
do dia permitido. Conforme divulgado pela imprensa, o defensor público
Heverton Gisclan Neves da Silva visitou Dirceu no dia 6 de Janeiro,
segunda-feira, dia em que os presos na Penitenciária da Papuda não são
autorizados a receber visitas. As visitações são feitas apenas às
quartas e quintas.
Segundo a Defensoria Pública da União (DPU), a visita do defensor
ocorreu de forma voluntária, sem nenhuma ligação formal com órgão. Em
nota, a DPU informou que a visita ocorreu em função de uma pesquisa
acadêmica feita pelo defensor. A corregedoria do órgão avalia o caso.
“A Defensoria Pública da União esclarece, ainda, que a atuação
institucional na Ação Penal n.º 470 se deu unicamente em defesa do réu
Carlos Alberto Quaglia, que, por decisão unânime do Plenário do Supremo
Tribunal Federal, teve seu processo desmembrado para a Justiça Federal
em Santa Catarina”, diz a nota.
Dirceu também é investigado pelo suposto uso de celular dentro da prisão. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo,
publicada no dia 17 de janeiro, Dirceu conversou, no mesmo dia em que
recebeu a visita do defensor, por telefone celular com James Correia,
secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia.
Segundo a reportagem, a conversa ocorreu com intermediação de uma
terceira pessoa que visitou Dirceu. Na ocasião, a defesa do ex-ministro
negou que a conversa tenha ocorrido, mas a Secretaria de Segurança
Pública do Distrito Federal abriu processo administrativo para
investigar o caso.
Em decisão assinada ontem (27), o juiz responsável pela VEP, Bruno
André Silva Ribeiro, determinou a abertura de investigação para apurar
supostas regalias que os condenados na Ação Penal 470, o processo do
mensalão, tem recebido nos presídios do Distrito Federal, como visitas
fora do dia permitido e alimentação diferenciada.
Em função das supostas regalias que o ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares também estaria recebendo, o juiz determinou a suspensão do
benefício de trabalho externo na Central Única dos Trabalhadores (CUT). A
decisão vale até o dia 18 de março, quando Delúbio prestará depoimento
em uma audiência de advertência por meio de videoconferência.
Segundo o Ministério Público, recentemente uma feijoada exclusiva
para os internos de uma ala onde o ex-tesoureiro cumpre pena foi feita
com ingredientes que teriam sido comprados na cantina do presídio.