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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Kátia Rabello e Joesley Batista, irmão de Júnior Friboi (PMDB-GO), são indiciados pela Polícia Federal

Quarta, 19 de fevereiro de 2014
Eles foram acusados de fazerem empréstimos entre instituições financeiras em que têm participação. As operações envolveram valores de R$ 160 milhões
Montagem
Kátia Rabello e Joesley Batista, respectivamente

Sarah Teófilo
Jornal Opção
A Polícia Federal indiciou o controlador do grupo J&F Participações, Joesley Batista, irmão do pré-candidato Júnior Friboi (PMDB), e a ex-presidente do banco Rural Kátia Rabello, condenada pela Ação Penal 470 (mensalão). Eles foram acusados de fazerem empréstimos entre instituições financeiras em que têm participação. As operações, consideradas ilegais, envolveram valores de R$ 160 milhões.
A J&F é uma empresa de investimento que atua no setor de investimento, atendendo diversas empresas, como a JBS, de Júnior Friboi e o Banco Original. A suposta fraude envolvia uma troca de empréstimos, conhecida como “chumbo cruzado”, usada muitas vezes para simular negócios.
A Polícia Federal aponta nas investigações que dois empréstimos foram feitos em datas muito próximas em empresas dos dois grupos (J&F e banco Rural). De acordo com a apuração, em dezembro de 2011, o banco Rural emprestou R$ 80 milhões ao grupo J&F Participações e à empresa Flora Produtos de Higiene e Limpeza, que também recebe investimento da J&F. No mesmo dia em que o empréstimo foi recebido pelas empresas do grupo J&F em contas no banco Rural, o dinheiro foi transferido às contas no banco Original.
Apenas quatro dias depois, o banco citado repassou os R$ 80 milhões para a Trapézio S/A, empresa que controlava as instituições financeiras do banco Rural. Três dias depois dessa transação, a Trapézio aplicou R$ 65 milhões no banco Rural. Na época, o Rural, que em agosto do ano passado entrou em liquidação, estava sendo pressionado pelo Banco Central a reforçar seu capital.
O fato do banco Original ter indicado que as condições para o empréstimo para a Trapézio eram desfavoráveis foi um dos pontos que ajudou a PF a identificar o esquema. O empréstimo correspondia a 4,5 vezes o patrimônio líquido da Trapézio em novembro daquele ano, e mesmo assim foi feito.
Além destas questões, a PF também afirmou que as empresas que receberam os empréstimos não tinham relacionamento com as instituições financeiras até a véspera da operação de crédito. A Trapézio abriu uma conta no Original uma semana antes da liberação dos recursos. A Flora Produtos abriu a conta no Rural um dia antes de conseguir o empréstimo e a J&F Participações, apenas três dias antes.

Outras 15 pessoas entre diretores dos bancos Rural e Original supostamente envolvidos nas operações irregulares e administradores das outras empresas foram indiciados pela PF em janeiro deste ano. O indiciamento pela PF foi encaminhado ao Ministério Público, que ainda não se posicionou.

Além de Kátia Rabello, outros dois condenados pelo processo do Mensalão, os ex-diretores Vinícius Samarani e José Roberto Salgado, também foram indiciados. A pena pelo crime contra o sistema financeiro pode chegar a seis anos de reclusão, além de multa.