Quarta, 12 de fevereiro de 2014
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil*
Edição: Fábio Massalli
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra (MST), que fazem uma manifestação hoje (12) na Praça dos Três
Poderes, derrubaram as grades laterais do Congresso e avançaram em
direção ao prédio. A Polícia Militar (PM) reagiu e houve confronto. Pelo
menos um trabalhador sem terra foi agredido e outro foi preso por
agredir um PM. O MST reagiu jogando pedaços de paus e pedras e policiais
responderam com bombas de gás.
Os líderes do MST pediram para que os manifestantes se acalmassem. Neste momento, estão concentrados em frente ao Congresso.
Segundo o primeiro-tentente da PM, Mikhail Muniz, o protesto reúne 15
mil manifestantes. Doze policiais ficaram feridos no confronto e foram
encaminhados para atendimento médico.
O protesto é uma marcha com o objetivo de cobrar mais rapidez na
reforma agrária no Brasil. Os manifestantes entoavam gritos e exibiam
cartazes, com mensagens como "Dilma, cadê a reforma agrária?", "Exigimos
uma reforma política" e "Dilma, se liberte do agronegócio". A
presidenta Dilma Rousseff não está no Planalto e cumpre agenda nesta
tarde em sua residência oficial, o Palácio do Alvorada.
Cerca de meia hora antes, o ministro Gilberto Carvalho desceu do
Palácio do Planalto para receber uma carta-manifesto pela reforma
agrária que foi entregue por lideranças do MST. Carvalho avaliou como
normal e válida a manifestação. Ele disse que não houve nenhum ato
violento relevante durante o protesto, apesar dos manifestantes terem
derrubado algumas grades de isolamento do Palácio Planalto.
O Supremo Tribunal Federal (STF) interrompeu a
sessão de julgamentos desta tarde devido a uma ameaça de invasão por
alguns integrantes do MST durante a manifestação na Praça dos Três
Poderes. Eles derrubaram as grades que faziam a proteção do prédio. Para
evitar a invasão do prédio, seguranças do Supremo e soldados da Policia
Militar entraram em conflito. A tentativa de invasão do prédio
aconteceu no momento em que os ministros estavam reunidos no plenário da
Corte.
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, não estava no plenário no
momento em que os fatos ocorreram. A sessão era presidida pelo
vice-presidente Ricardo Lewandowski, que interrompeu os trabalhados ao
ser alertado pela equipe de segurança. “Fui informado agora pela
segurança que o tribunal corre o risco de ser invadido. Vamos fazer um
intervalo na sessão”, disse. A sessão foi retomada após 50 minutos.
Os manifestantes estão em Brasília para participar do Congresso
Nacional do MST, que começou segunda-feira (10) e vai até sexta (14),
com a presença de mais de 15 mil trabalhadores de 23 estados e 250
convidados internacionais. Entre os objetivos do encontro estão um
balanço da atual situação do movimento, a discussão de novas formas de
luta pela terra, pela reforma agrária e por transformações sociais.
Também são discutidos o papel político dos assentamentos e a
participação da mulher e dos jovens no movimento.
* Colaborou André Richter e Paulo Victor Chagas