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(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Terrorismo suposto ou escondido. Denúncias de que os mascarados violentos eram pagos para tumultuar. A Polícia Federal tem que investigar em profundidade e responsabilizar

Sexta, 14 de fevereiro de 2014
Helio Fernandes
Tribuna da Imprensa
Depois de nove meses do povo nas ruas, a partir de 6 de junho, a impressão é esta: as autoridades estaduais e membros do Congresso, querem enquadrar os mascarados que assuntam o país, como TERRORISTAS. Já deviam ter investigado os fatos, separando os manifestantes motivados pelos baderneiros destruidores. Protegendo os primeiros, garantidos pela Constituição, investigando e responsabilizando os outros. E todos que pretendem mudar a lei para atingir esses violentos sem outro objetivo a não ser o de destruir, tumultuar, confundir, se juntam em torno de uma palavra: TERRORISTAS.

A Polícia e os governos “alimentaram” esses violentos

Ficaram assistindo o cruzamento do protesto cívico com a baderna organizada, mas aparentemente não comandada por ninguém. Ficaram assistindo em silêncio, não investigaram.

Durante meses insensíveis e silenciosos, diante do cruzamento do protesto legítimo e pacífico, com os mascarados que só queriam violentar. Ninguém investigou nada. A polícia, imprensada entre os dois grupos, não sabia como agir, não tinha o mínimo de treinamento. Trabalhavam sem chefia, no dilema perigoso: ou se OMITIAM ou se EXCEDIAM.

Agora, a denúncia do estranho Jonas Tadeu

Esse advogado, se equilibrando perigosamente longe de qualquer explicação, vem dominando as manchetes. Embora sua participação nos últimos anos tenha sido apenas esta: advogado de milicianos bandidos. Ele tem direito de defender quem quiser, mas logo milicianos? Para defender milicianos, tem que ter contato com eles, ser conhecido deles, poder ser chamado ou contratado.

O julgamento não pode ser no Tribunal do Júri

Um juiz singular (único) é quem deve receber e julgar o processo. Não é caso de Tribunal do Júri, a força que fazem agora para caracterizar o fato como “homicídio qualificado”, é absurda e sem razão de ser. O rojão, se é que essa foi a causa da morte, não é um instrumento de precisão, como uma arma de fogo.

Se tivesse utilizando um revolver, pistola ou qualquer arma de longo alcance, o atirador poderia mirar no alvo. E atingir ou não atingir uma pessoa determinada, de acordo com sua habilidade. Mas o rojão, além de não ser arma planejada para homicídios, sofre dois efeitos restritivos importantes.

1 – O rojão sofre variação provocada pelo vento, está longe da precisão, sintetizada nesta afirmação: “Vou atirar e matar aquele sujeito que está de camisa azul”. 2 – No meio de uma multidão, como determinar quem será atingido e logo na cabeça? Não tem idade ou treinamento para isso.

Colossais interesses, muitas contradições

Haja o que houver, esse estranho advogado é até agora, o ponto chave de todo o caso. Quando a polícia patinava, sem saber qual era o caminho mais seguro e mais elucidativo, surgiu esse estranho advogado, com um “acusado” a tiracolo. Dizia não conhecê-lo, “jamais falei com ele, mas estou tentando convencê-lo a se entregar espontaneamente, é melhor para ele”.

Logo depois, surgia com outro suposto criminoso

48 horas depois, esse mesmo estranho advogado, aparece com outro possível, suposto ou presumido culpado. E surpreendentemente, repete as mesmas palavras usadas com o primeiro “suposto”, provocando perplexidade: “Não o conheço, mas sou intimo de um amigo dele, estou tentando convencê-lo a se entregar espontaneamente, é melhor para ele e para todos”.

Por que não falou diretamente com a polícia?

Reflitam, vejam a impressionante coincidência das palavras usadas para “convencer o primeiro e o segundo possível autor que pretendia entregar”. O primeiro se deixou envolver, foi apresentado à polícia, não teve nenhum benefício.

Foi levado logo para uma penitenciária, violência a mais. Prisão CAUTELAR ou PREVENTIVA, depende de ratificação judicial. Tem que estar perto, na hipótese de ser libertado.

O segundo resistiu à lábia do advogado

Não se deixou enganar de jeito algum. Fugiu sem conhecer o advogado, andou por cidades e estados, mas sempre com esse estranho advogado na pista dele. Foi esse advogado miliciano que levou a polícia até à Bahia. E carregou o delegado até onde ele estava a 100 quilômetros de Salvador. Muito estranho, perplexo, duvidoso.

A divergência entre a foto distribuída e a pessoa

Seguindo pela identidade distribuída no Brasil todo, jamais iriam encontrá-lo. Ele se registrou num hotel na Bahia, sem o menor problema. Claro, eram duas identidades inteiramente diferentes. O próprio delegado que foi à Bahia prender o suposto homicida indicado pelo advogado Jonas Tadeu, no primeiro momento, hesitou.

Sem o advogado, Caio estaria na Bahia

Qual o objetivo desse advogado? De onde ele vem? Quais são suas credenciais, seu passado, além da defesa dos milicianos? Agora, esse Jonas Tadeu quer ser advogado dos dois personagens responsabilizados por ele. Vai enfraquecer a defesa dos dois. O que disser “em defesa” do primeiro, atingirá o segundo. Defendendo o segundo, se comprometerá ainda mais, ficará mais vulnerável do que os acusados.

A OAB tem que intervir

Cabe a ela, proibir que o mesmo advogado “defenda” os dois acusados. A OAB se manterá silenciosa e distante. Não é mais a OAB da ditadura do “estado novo”, quando designou um jovem advogado conservador, Sobral Pinto, para defender o líder comunista, Luiz Carlos Prestes.

Jonas Tadeu, agora positivo: acusa grupos de patrocinarem os criminosos das manifestações

Esse o único lado defensável do advogado miliciano. Deu indicações precisas de que os mascarados malfeitores, não agem por intuição ou impensadamente. Denuncia que “grupos poderosos, pagam essas pessoas para a destruição”. Cada um recebe 150 reais por manifestação, antecipadamente.
E acrescenta: “Em cada local de manifestação, existem vãs com máscaras e rojões. Os contratados e contactados, recebem o dinheiro, apanham as mascaras e os rojões e vão cumprir o trabalho combinado”.

Agora, de posse dessas informações, a polícia pode ir imediatamente no caminho da investigação, aprofundá-la e responsabilizar os patrocinadores. É evidente que têm interesses no tumulto das ruas. Por que pagariam?

Agora os fatos se complicaram, podem ser esclarecidos logo, logo

Todos que choraram pelo cinegrafista, estão cobertos de razão, podem seguir na linha emocionante do diálogo da filha com o pai. Nenhuma palavra será exagerada para lamentar a morte de um ser humano, profissional, que estava trabalhando.

Mas agora Santiago Andrade pode ter dado a vida para que fosse descoberto algum crime mais hediondo. Os empresários ricos que pagavam trabalhadores pobres para cumprissem seus objetivos tenebrosos. Mais uma vez a desigualdade financeira e social, escondendo os objetivos ainda não elucidados ou esclarecidos. Mas que serão. Ou os que controlam os Poderes, saíram chamuscados, responsabilizados, inutilizados por não terem agido.
 
PS – Fui o único jornalista a chamar a atenção para o fato de Santiago Andrade está sem capacete e sem colete à prova de bala.

PS2 – Todos os senhores patronais, “lamentaram”. Mas não se lembraram da proteção.