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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Uso político do BNDES pelo PT é um dos maiores crimes contra a Nação

Segunda, 24 de fevereiro de 2014
 
Por Carlos Newton
Tribuna da Internet
Surgem cada vez mais críticas ao desempenho do BNDES, que na gestão de Luciano Coutinho se transformou num simples instrumento de governo. Para mim, ex-funcionário do BNDES, é algo inaceitável. Na gestão da dupla Carlos Lessa/Darc Costa, a melhor administração que o banco de fomento já teve, eu trabalhava em Brasília, representando a diretoria junto ao Congresso Nacional.


Na época (2003), o BNDES era um dos pratos do dia da oposição (PSDB, DEM e PPS). Eram frequentes os ataques ao banco, mas com argumentos ardilosos e falseados. Eu anotava tudo, respondia as críticas por escrito, imediatamente enviava ao parlamentar oposicionista, e no dia seguinte comparecia ao gabinete e explicava como ele estava ingenuamente sendo usado por “informantes” mal intencionados. E eu sempre acabava a conversa usando um argumento irrespondível:

“O BNDES não pertence ao PT ou ao governo. O BNDES trabalha para desenvolver o País social e economicamente. Não está a serviço de grupos ou facções”. Entregava ao parlamentar da oposição um manual sobre os financiamentos do BNDES e explicava que o banco estava à disposição para projetos em todos os Estados e municípios brasileiros, e não nos interessava se eram governados pelo partido A ou B.

Os parlamentares oposicionistas que haviam criticado o BNDES ficavam envergonhados e nunca mais caiam na esparrela dos “informantes”, como aconteceu com Artur Virgilio, Alberto Goldman, José Agripino Maia, Alvaro Dias e tantos outros que foram procurados por mim.

RETROCESSO
Era um prazer trabalhar com dois intelectuais brasileiros como Carlos Lessa e Darc Costa, ambos nacionalistas e somente dedicados aos interesses do país. Estabeleceram uma nítida separação entre empresa nacional e multinacional, ao mesmo tempo em que criaram incentivos às empresas de setores estratégicos e tecnológicos (como energia,medicamentos e informática). Fizeram uma dobradinha com a Petrobras e rapidamente recuperaram a indústria naval. Lançaram o Cartão BNDES e o banco enfim passou a financiar micros, pequenas e médias empresas. Bons tempos.

Depois, vieram as gestões de Guido Mantega e Demian Fiocca, e o BNDES começou a ser usado politicamente pelo governo, primeiro de forma tímida, depois escancaradamente. Mas nada que se compare à administração de Luciano Coutinho, um verdadeiro desastre.

Hoje o banco funciona como um instrumento do governo, criando degenerações, como o Friboi e o Grupo X, de Eike Batista, e fazendo financiamentos bilionários a Cuba e a outras nações financeiramente arruinadas e sem perspectivas.

E AS GARANTIAS???
Agora, pergunta-se pelas garantias, que no tempo de Carlos Lessa e Darc Costa eram anunciadas e detalhadas nos press-releases do banco. Hoje, se tornaram garantias secretas e não sai uma CPI, ninguém reclama, nada, nada…

Não pode ser assim, não pode continuar assim. As garantias precisam ser transparentes, para evitar o que aconteceu num vultoso financiamento a Eike Batista, que teve como avalista o Banco Votorantim.
Mas onde se lê Votorantim, por favor leia-se Banco do Brasil, que livrou da ruína o banco da família Ermírio de Moraes, da mesma forma que a Caixa Econômica Federal salvou o PanAmericano, da família Abravanel, evitando a falência de Silvio Santos.

E tudo isso graças à generosidade de Lula, um ignorante a serviço dos banqueiros e das elites, ao invés de estar a serviço do país. Mas já é outro assunto, que envolve executivos tipo Henrique Pizzolato, um exemplo do patriotismo dos políticos brasileiros desta geração fracassada. Dá um desânimo danado. Precisamos de um novo Brizola, mas cadê ele?