Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 25 de abril de 2014

CLDF: Metroviários de Brasília alertam para tragédia anunciada; "A gente brinca que Deus deve ser metroviário, por isso ainda não aconteceu nenhuma tragédia"

Sexta, 25 de abril de 2014
Os recentes acidentes e falhas no Metrô-DF, o funcionamento da companhia e as condições de trabalho de seus funcionários foram discutidos em audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) da Câmara Legislativa na tarde desta sexta-feira (25). Metroviários denunciaram casos de assédio e alertaram para problemas nos sistemas de comunicação e segurança. A presidenta da comissão, deputada Celina Leão (PDT), disse que vai apresentar um requerimento para convocar o diretor-presidente do Metrô-DF, Alberto Castilho de Siqueira, e o secretário de Administração do GDF, Wilmar Lacerda, para tratarem da situação.
Controladores de operação da Companhia do Metropolitano apontaram falhas no sistema que corta energia para os trilhos, em caso de acidentes, bem como problemas na comunicação por rádio. "Estou no Metrô há oito anos, e o sistema de rádio nunca funcionou direito. A gente entende 30% da comunicação, por conta dos chiados", relatou a controladora Clarissa de Lima Fernandes. "É uma tragédia anunciada. A gente brinca que Deus deve ser metroviário, por isso ainda não aconteceu nenhuma tragédia", concluiu.
O controlador Daniel Augusto de Lima disse que interviu quando um vagão pegou fogo na estação Guariroba, em Ceilândia, em fevereiro deste ano. Segundo ele, muitos funcionários não passaram por capacitação adequada e estão operando. E acrescentou: "No meu treinamento, me disseram que trem não pegava fogo".
Durante a audiência, os funcionários do Metrô apontaram ainda outros problemas, como a questão da segurança realizada nas estações. O agente de segurança José Gilberto apontou, por exemplo, os casos de tráfico de drogas que acontecem nas estações e reclamou das viaturas da companhia.
Os serviços de manutenção também foram alvo de críticas. Segundo informaram, o trabalho não é feito por empresa especializada. E contaram o caso de um trem que partiu ao ser rebocado.
Terceirização – Para o ex-metroviário e especialista em mobilidade, Carlos Pena, o Metrô-DF está sendo "sucateado" pelo governo com o intuito de se provocar a terceirização a companhia. Ele destacou, ainda, que desde a década de 70 o metrô tem sido apontado como a solução para o transporte no DF e, no entanto, o GDF optou por investir no Veículo Leve sobre Pneus (VLP) para ligar o Gama e Santa Maria ao Plano Piloto. Segundo informou, já foi investido mais de R$ 1 bilhão na obra: "É o quilômetro de asfalto mais caro já feito, e esse montante seria suficiente para fazer toda a Linha 2 do Metrô".
O deputado Olair Francisco (PTdoB), que também participou da audiência, saiu em defesa da Companhia do Metropolitano. "Transporte, segurança e educação têm que estar na mão do Estado", afirmou.
"O Metrô venceu duas tentativas de terceirização. E vocês vão vencer mais uma", disse a deputada Celina Leão ao final da audiência, aproveitando para elogiar as lideranças sindicais da categoria.
Denise Caputo – Coordenadoria de Comunicação Social da CLDF