Segunda, 26 de maio de 2014
Jornal do Brasil
Hoje, a 18 dias da Copa do Mundo, o povo assiste a manifestações que
jamais serão contra o jogador brasileiro, jamais serão
contra o Brasil, mas com certeza será contra o privilégio que o futebol
brasileiro só oferece para o jogador.
Não há segmento da sociedade brasileira que
se beneficie com o futebol. Os clubes em situação pré-falimentar devem milhões
de reais aos cofres públicos por impostos que nunca foram pagos e jamais serão.
Impostos que foram criados para investir em educação, saúde e segurança da
nação. Nunca houve qualquer contribuição para que o mesmo miserável povo
pudesse dizer: "O esporte que eu amo me transfere migalhas."
A raiva do povo é exatamente contra esses milhões
que fazem falta à educação, à saúde e à
segurança. Alguns transferidos ilicitamente para cofres dos perpétuos ladrões
da República: os que constroem e os que mandam construir.
Este povo apaixonado pelo futebol está vendo seu
país oferecer os privilégios de sua natureza, os privilégios de sua conhecida simpatia e
carinhosa receptividade a todos, de todas as cores, de todos os povos. Este
mesmo povo é obrigado a ver autoridades que comandam este esporte - que podiam
ser confundidos com delinquentes - humilhá-lo e ofendê-lo. E também é obrigado
a assistir a alguns atletas e ex-atletas, que nunca deram aos seus clubes
locais nenhuma felicidade, e que nunca devem ter pago impostos sobre o que
ganharam lá fora, em alguns momentos que envergonham e deixam até autoridades
policiais sob suspeita.