Terça, 24 de junho de 2014
Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil
A decisão do senador José Sarney (PMDB-AP) de não se
candidatar à reeleição ao Senado foi comunicada por ele hoje (24) ao presidente
nacional de seu partido, o também senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Segundo
Raupp, Sarney explicou que ele e a mulher, Marly, têm passado por vários
problemas de saúde que requerem mais atenção.
“Eu conversei com ele hoje pela manhã e ele me disse que
já cumpriu a missão dele na política, pelo menos por enquanto. Falou da questão
da saúde da família, da dona Marly, dele inclusive, que tem tido muitas
dificuldades de saúde nos últimos tempos. Então ele está abrindo mão de disputar
a candidatura ao Senado pelo estado do Amapá e o Gilvam Borges deve sair no
lugar dele”, disse o presidente do PMDB.
Segundo Raupp, todos no partido estão
“tristes” com a decisão de Sarney, mas acreditam que ele continuará atuando
como “conselheiro” e trabalhando pelas alianças eleitorais. Sobre os boatos de
que a decisão foi motivada pelo receio de derrota, Raupp disse que pesquisas
feitas pelo PMDB demonstram o contrário. “Nós fizemos uma pesquisa no ano
passado que apontava que ele tinha 53% [de aprovação]. Ele também aparecia em
primeiro lugar como o responsável pelos grandes investimentos do governo
federal no Amapá. Sinceramente, se ele fosse para a campanha, acho que ele
conseguiria vencer a eleição, sim. Para quem já está consolidado, quanto mais
candidatos saírem melhor”, disse.
Aliados de Sarney evitaram comentar a saída dele da vida
pública, entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que não
quis falar sobre o assunto com a imprensa hoje. Outros, entretanto, disseram
esperar que ele reveja a decisão. “Se for real, eu espero que essa decisão
possa ser revista”, disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da
República, Gilberto Carvalho.
Ele lembrou que Sarney usou sua influência política a
favor dos governos petistas e lamentou o anúncio da saída. “Aprendi a conviver
com ele e aprendi a entender a importância dele para o governo, especialmente,
e para o país como um todo. Para o governo a importância dele é inestimável,
ele esteve ao lado da presidenta Dilma [Rousseff] nos momentos mais duros”,
disse Carvalho, que se reuniu com Renan Calheiros na tarde de hoje.
Colega de partido de Sarney, o senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB) disse que ele já vinha há muito tempo comentando com os mais próximos
sobre a intenção de se aposentar. Na opinião dele, a decisão ainda pode ser
revista, mas é preciso respeitá-la diante dos problemas de saúde que a esposa
de Sarney tem apresentado e da idade do ex-presidente da República, que tem 84
anos. “O Sarney é um homem público que marcou a história da política
brasileira. Com a sua idade, mas do alto de sua experiência política, ele é de
uma lucidez. Ele ainda pode oferecer ao PMDB e ao país muito trabalho”, disse.
José Sarney foi o primeiro presidente da República civil
após o regime militar. Ele assumiu o cargo na condição de vice após a morte de
Tancredo Neves, em 1985. O senador é considerado pelos aliados como peça
fundamental na redemocratização do país, mas também criticado pela má condução
da economia durante seu governo e pelo fraco desempenho na área social. Foi
presidente do Senado quatro vezes e tem 59 anos de vida pública.
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