Quarta, 23 de junho de 2014
Fonte: Jornal do Síndico
Cidade projetada
no início de Brasília com forma de um alvéolo de uma colméia pelos renomados arquitetos Paulo Hungria e Edson da Rocha, agora encontra-se com suas áreas
verdes ameaçadas pelo GDF através da lei 882 publicada no DODF de 3/6/2014 que pretende vender essas áreas nas pontas das
quadras.
A cidade satélite do Gama-DF tem sido vítima da especulação imobiliária
patrocinada pelo poder público que está na
contramão de seus objetivos. Ao invés de proporcionar Qualidade de Vida à
população e manter o Bem Comum, está
eliminando-os do cidadão contribuinte
no DF, oficializando atos que
favorecem à especulação imobiliária para
angariar dinheiro para pagar,
certamente o estádio bilionário
construído em Brasília e quem sabe para outros interesses que fogem à ética da
administração pública. A mudança da destinação
dos lotes do setor de Indústrias dessa cidade foi o primeiro passo, aonde grandes torres
habitacionais foram e estão sendo construídas...Logo na entrada
da cidade, num terreno de uma
construtora estão sendo finalizadas 7 torres que vão abrigar uma população de
aproximadamente 5.000 pessoas.
Pergunta-se aonde foi parar o estudo de
Impacto de Vizinhança que autorizou a
construção desses prédios? Com a resposta o MPDFT [Ministério Público do Distrito Federal e Territórios].
Nesse aspecto
de destruição do projeto original do Gama, o Jornal do Síndico foi ouvir o
arquiteto e urbanista e membro do IAB-Instituto dos Arquitetos do Brasil,
Ariomar da Luz Nogueira, morador dessa
cidade, paladino na defesa de seu
projeto original, aonde executou várias obras arquitetônicas.
Para Ariomar as
cidades devem ser compactas e não fragmentadas como está acontecendo no Gama. Reforça
que a fragmentação urbanística traz danosas consequências e que o planejamento urbano deve ser feito por
um órgão específico composto por
arquitetos e urbanistas e não uma secretaria de Estado que prioriza
interesses políticos e financeiros. E completa que qualquer estudo que implica
mudanças nesse setor tem que ser feito por arquitetos e urbanistas.” Qualquer
adensamento populacional tem que ser muito bem preparado para resistir como
adensamento. O PPCUB [Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília] como está sendo
conduzido está indo mais para o adensamento
que arrumar Brasília. O Gama há muito tempo tem
sido uma cidade desgovernada, principalmente nessa área urbanística. Cada
governo ou deputado que entra quer pegar uma parte da cidade para seus
interesses políticos.
LUOS
Acentua Arionar
que atualmente um dos maiores problemas
do Gama é a Lei do Uso e Ocupação do Solo que para ele não se sabe se
veio para regulamentar, eliminar ou regularizar a questão do PDL [Plano Diretor Local] que veio em 2006 não como medidas de governo mas política e
favorecimento da questão imobiliária como aconteceu com mudança da destinação
dos lotes do Setor de Indústria do Gama
e ocupação da área de preservação de manancial com indústrias e prédios
públicos, localizada na entrada da cidade. Além disso, cita Ariomar que as 2
vias principais que são a dos Bombeiros
e dos Pioneiros foram invadidas pela ciclovia, dificultando alguns moradores de
retirar os veículos das garagens e mostra um projeto seu para
essas avenidas com ciclovia que
não tem relação atrópica e criminosa como
foi feito e que não proporciona
segurança aos transeuntes e moradores.
“O que
existe hoje de definitivo em Brasília é uma grande bagunça com relação
à LUOS. Eu que sou arquiteto e urbanista de ofício e já vou para a 5ª
década nesse trabalho não estou
entendendo o que é de fato a LUOS, porque que ela existe, essa
Lei de Uso e Ocupação de Solo.
Uso e
Ocupação de Solo é uma coisa, agora lei determinante eu não entendo. Se
ele veio depois do PDL para
regularizá-lo ou se é uma lei que faça com que o uso do solo não seja somente
dentro dos lotes ou fazendo manchas urbanísticas nocivas à cidade. LUOS em qualquer lugar é para definir parâmetros
dentro dos lotes e não em áreas verdes e públicas que são originárias e projetos urbanos específicos permanentes. Mas isso não vem ocorrendo no
DF, principalmente no Gama, onde a LUOS tem interferido em áreas públicas como aconteceu
na quadra 42 do Setor Leste, aonde construíram um estacionamento para beneficiar
uma igreja”, destaca Ariomar enfatizando
que por trás disso tudo está a Terracap
que visa mais interesse financeiro e político
que beneficiar à população, leiloando áreas públicas para fazer caixa.
Ariomar alerta para
o congestionamento viário do Gama
que além de receber os veículos da
cidade, está virando um corredor de passagem de veículos das cidades do Entorno
Sul que demandam ao Plano Piloto e outras cidades satélites.
Para o arquiteto
e urbanista os governantes de Brasília visam mais interesses políticos que
populares e tudo indica que passam em
cima da Justiça como acontece com a ocupação dos becos do Gama por militares e
o mesmo pode acontecer com as pontas de quadras.
Ariomar é também autor de diversas esculturas
artísticas expostas em áreas públicas, uma dela é o famoso Periquito que representa o principal time da cidade mantido pela Sociedade
Esportiva do Gama, exposto no balão de acesso ao Plano Piloto e Taguatinga e à
rodovia BR-040. E agora a sua principal luta é tornar o monumento mais visível uma que vez que as obras do BRT reduziram a sua visibilidade. Para ser visto o Periquito tem
que ter 4,20m de altura da soleira e a visibilidade de 1,80 a 1,90 metros aonde
está no viaduto. Uma campanha está sendo feita nesse sentido.
Pontas de quadras
ajardinadas podem dar lugar para imóveis.
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Ariomar em foto antiga na frente de uma das suas esculturas: o Periquito
que agora encontra-se escondido
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Cadê o estudo de
Impacto de Vizinhança que autorizou a
construção de prédios residenciais no Setor de Indústria?