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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Adensamento populacional ameaça projeto urbanístico do Gama

Quarta, 23 de junho de 2014
Fonte: Jornal do Síndico
Cidade projetada no início de Brasília com forma de um alvéolo de uma  colméia pelos renomados arquitetos Paulo Hungria e Edson  da Rocha, agora encontra-se com suas áreas verdes ameaçadas pelo GDF através da lei 882 publicada no DODF de 3/6/2014  que pretende vender essas áreas nas pontas das quadras.

A cidade  satélite do Gama-DF  tem sido vítima da especulação imobiliária patrocinada pelo poder público que está na contramão de seus objetivos. Ao invés de proporcionar Qualidade de Vida à população e manter o Bem Comum, está  eliminando-os do cidadão contribuinte  no DF, oficializando atos  que favorecem à especulação imobiliária  para angariar dinheiro  para pagar, certamente  o estádio bilionário construído em Brasília e quem sabe para outros interesses que fogem à ética da administração pública. A mudança da destinação  dos lotes do setor de Indústrias dessa cidade  foi o primeiro passo, aonde grandes torres habitacionais  foram  e estão sendo construídas...Logo na entrada da cidade,  num terreno de uma construtora estão sendo finalizadas 7 torres que vão abrigar uma população de aproximadamente 5.000  pessoas. Pergunta-se aonde foi parar  o estudo de Impacto de Vizinhança  que autorizou a construção desses prédios? Com a resposta o MPDFT [Ministério Público do Distrito Federal e Territórios].

Nesse aspecto de  destruição do projeto original  do Gama, o Jornal do Síndico foi ouvir o arquiteto e urbanista e membro do IAB-Instituto dos Arquitetos do Brasil, Ariomar da Luz  Nogueira, morador dessa cidade, paladino  na defesa de seu projeto original, aonde executou várias obras arquitetônicas.

Para Ariomar as cidades devem ser compactas e não fragmentadas como está acontecendo no Gama. Reforça que a fragmentação urbanística traz danosas consequências  e que o planejamento urbano deve ser feito por um órgão específico composto por  arquitetos e urbanistas e não uma secretaria de Estado que prioriza interesses políticos e financeiros. E completa que qualquer estudo que implica mudanças nesse setor tem que ser feito por arquitetos e urbanistas.” Qualquer adensamento populacional tem que ser muito bem preparado para resistir como adensamento. O PPCUB [Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília] como está sendo conduzido está indo  mais para o adensamento que arrumar Brasília. O Gama há muito tempo tem  sido uma cidade desgovernada, principalmente nessa área urbanística. Cada governo ou deputado que entra quer pegar uma parte da cidade para seus interesses políticos.

LUOS

Acentua Arionar que atualmente um dos maiores problemas  do Gama é a Lei do Uso e Ocupação do Solo que para ele não se sabe se veio para regulamentar, eliminar ou regularizar a questão do PDL  [Plano Diretor Local] que veio em 2006   não como medidas de governo mas política e favorecimento da questão imobiliária como aconteceu com mudança da destinação dos lotes do Setor de Indústria do Gama  e ocupação da área de preservação de manancial com indústrias e prédios públicos, localizada na entrada da cidade. Além disso, cita Ariomar que as 2 vias principais  que são a dos Bombeiros e dos Pioneiros foram invadidas pela ciclovia, dificultando alguns moradores de retirar os veículos das garagens e mostra um projeto seu para  essas  avenidas com ciclovia que não tem relação atrópica e criminosa como  foi feito e  que não proporciona segurança aos  transeuntes e moradores.

“O que existe  hoje de definitivo  em Brasília é uma grande bagunça com relação à LUOS. Eu que sou arquiteto e urbanista de ofício e já vou para a 5ª década   nesse trabalho não estou entendendo o que é de fato a LUOS, porque que ela existe,  essa  Lei de  Uso e Ocupação de Solo. Uso  e  Ocupação de Solo é uma coisa, agora lei determinante eu não entendo. Se ele veio depois do PDL  para regularizá-lo ou se é uma lei que faça com que o uso do solo não seja somente dentro dos lotes ou fazendo manchas urbanísticas nocivas à cidade. LUOS  em qualquer lugar é para definir parâmetros dentro dos lotes e não em áreas verdes e públicas que são  originárias e projetos urbanos específicos permanentes. Mas isso não vem ocorrendo no DF, principalmente no Gama, onde a LUOS tem interferido em áreas públicas como aconteceu na quadra 42 do Setor Leste,  aonde  construíram um estacionamento para beneficiar uma igreja”, destaca  Ariomar enfatizando que por  trás disso tudo está a Terracap que visa mais interesse financeiro e político  que beneficiar à população, leiloando áreas públicas para fazer caixa.

Ariomar   alerta para  o congestionamento  viário do Gama que além  de receber os veículos da cidade, está virando um corredor de passagem de veículos das cidades do Entorno Sul que demandam ao Plano Piloto e outras cidades satélites.

Para o arquiteto e urbanista os governantes de Brasília visam mais interesses políticos que populares  e tudo indica que passam em cima da Justiça como acontece com a ocupação dos becos do Gama por militares e o mesmo pode acontecer com as pontas de quadras.

Ariomar é  também autor de diversas esculturas artísticas expostas em áreas públicas, uma dela é  o famoso Periquito que representa  o principal time da cidade mantido pela Sociedade Esportiva do Gama, exposto no balão de acesso ao Plano Piloto e Taguatinga e à rodovia BR-040. E agora a sua principal luta é tornar o monumento  mais visível uma que vez que  as obras do BRT  reduziram a sua visibilidade. Para ser visto o Periquito tem que ter 4,20m de altura da soleira e a visibilidade de 1,80 a 1,90 metros aonde está no viaduto. Uma campanha está sendo feita nesse sentido.


Pontas de quadras ajardinadas podem dar lugar para imóveis.
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Ariomar em foto antiga na frente de uma das suas esculturas: o  Periquito que agora encontra-se escondido
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Cadê o estudo de Impacto de Vizinhança que autorizou a construção de prédios residenciais no Setor de Indústria?