Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Matador à solta

Segunda, 22 de setembro de 2014
Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti


Esta notícia me deixou profundamente chocado, tanto que a transcrevo na íntegra. É da repórter Giba Bergamim Jr., da Folha de S. Paulo, e acaba de ser colocada no ar pelo UOL:
"A Justiça mandou soltar o policial militar preso na última quinta-feira (18) acusado de matar um camelô durante uma blitz na Lapa, zona oeste paulistana.
Imagens gravadas por testemunhas mostram o momento em que o soldado Henrique Dias Bueno de Araújo dispara sua pistola .40 com a mão direita, depois que o ambulante Carlos Augusto Muniz Braga tenta arrancar um spray de pimenta que estava na mão esquerda do PM. O tiro atingiu a cabeça de Braga, que conseguiu correr alguns metros antes de cair.
O ambulante foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos –segundo a polícia, ele chegou sem vida ao hospital.
O PM foi preso em flagrante por homicídio e levado ao presídio militar Romão Gomes no mesmo dia.
Porém, na noite de sexta (19), a Justiça emitiu um alvará de soltura em favor de Araújo. Em depoimento à polícia, ele disse que o disparo foi acidental.

CRIME EM ABRIL 
 
Araújo já responde a um outro caso de homicídio.
Ele atirou contra um morador de rua, há seis meses, também durante uma abordagem policial, quando tentou abordar um homem que empurrava um carrinho de ferro-velho pela rua.
Segundo a PM, o morador de rua teria se negado a parar e usado um facão para ameaçar Araújo e outro soldado que o acompanhava.
Araújo teria atirado duas vezes nas pernas do homem, que continuou a ir na direção dos policiais.
O soldado então atirou no tórax do homem, que morreu. A vítima não foi identificada até hoje".

Não costumo desejar o mal para ninguém, mas desta vez abro uma exceção: será uma Justiça poética se a próxima vítima do matador fardado for o juiz que, inacreditavelmente, o botou na rua, quando só há dois locais apropriados para ele: a prisão ou o manicômio judicial.