Domingo, 30
de novembro de 2014
Jornal do Brasil
Davison
Coutinho
Enquanto todos estão voltados para uma sexta-feira “Black
Friday”, termo importado que nomeia a ação
de vendas
que acontece após o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, a Rocinha
acorda com um dos mais intensos tiroteios dos últimos meses. Desta vez, o
confronto aconteceu na Estrada da Gávea e Cachopa e deixou todos os moradores
em pânico. O resultado de mais um dia de violência, além de todo caos gerado em
plena manhã de sexta-feira, é da triste noticia de mais um morador,
trabalhador, que foi atingido por uma bala perdida.
“Não aguentamos mais essa violência, mais um pai de
família que sofre com ela. Que nós moradores da Rocinha possamos andar mais
atentos, pois não tem dia nem hora para acontecer os conflitos. Hoje foi ele,
amanhã pode ser qualquer um de nós. Que possamos orar mais pela nossa Rocinha”,
desabafou o líder comunitário e membro do Conselho Estadual de Direitos
Humanos-RJ, William de Oliveira.
Muitas vezes, prefiro me ocultar a não escrever sobre os
tiroteios da Rocinha. Estão diários, virando rotina. É preciso que algo seja
feito. Quantas vidas ainda serão perdidas?
Até quando teremos que conviver
com tanta violência? Todos os dias sofremos conflitos. Não sabemos mais se dá
para ir comprar o pão e voltar pra casa,
ou se não seremos atingidos dentro da própria casa. O que nos resta é rezar,
orar e se apegar na Fé. Que Deus proteja mais essa vítima.
* Davison Coutinho, 24 anos,
morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela
PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da
Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor,
escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.