Sábado, 28
de fevereiro de 2015
Vladimir
Platonow - Repórter da Agência Brasil
Um grupo de ambientalistas fez hoje (28) um protesto contra
danos ambientais causados por obras das Olimpíadas de 2016. O ato ocorreu em
frente ao hotel onde estava reunido o Comitê Olímpico Internacional (COI), em
Copacabana. O presidente do COI, Thomas Bach, participava de entrevista
coletiva no momento do protesto.
Ambientalistas
protestam contra danos ecológicos em obras para Jogos Olímpicos de 2016, no Rio
Fernando
Frazão/Agência Brasil
Alguns manifestantes conseguiram entrar no hotel e passaram
a denunciar, aos gritos, o que consideram crimes contra o meio ambiente, como a
construção do campo de golfe em uma área verde da Barra da Tijuca e o corte de
dezenas de árvores em uma área no Parque do Flamengo, para ampliação da Marina
da Glória.
Eles tiveram que ser contidos pela segurança do hotel e por
um contingente da Polícia Militar, que ficou do lado de fora, isolando o local.
A manifestante Mariana Abreu, integrante dos grupos Ocupa Golfe e Ocupa Marina,
disse que o objetivo era chamar a atenção para os danos ambientais que as obras
olímpicas trazem para áreas verdes da cidade.
“O motivo do nosso protesto é a derrubada de 300 árvores no
Parque do Flamengo, para fazer a obra da Marina da Glória. É a destruição da
natureza na Lagoa de Marapendi, com o campo de golfe, que está expulsando toda
a fauna local. É uma obra absolutamente desnecessária para as Olimpíadas. Está
tudo sendo destruído”, lamentou a ambientalista.
O presidente do COI foi informado do protesto, mas disse que
as Olimpíadas deixarão legados positivos para a cidade, inclusive na área
ambiental, forçando a expansão do processo de limpeza da Baía de Guanabara. Ele
lembrou a primeira vez que o Rio se candidatou às Olímpiadas de 2004, quando
perdeu justamente por problemas ambientais.
“Estamos satisfeitos em saber que, graças aos Jogos,
progressos têm sido feitos. Mas isso ainda não é suficiente. Eu fazia parte da
comissão de avaliação para os Jogos de 2004. Vim aqui em 1996 e 1997 e já
naquela época essas questões eram consideradas. A limpeza das águas havia
recebido muitas promessas na época. O Rio não ganhou os Jogos, e nada
aconteceu. Ficou até pior. Agora, já temos mais de 50% [das águas tratadas], e
o estado está trabalhando para chegar a 80% de tratamento. Tudo isso, sem os
Jogos, não teria acontecido”, disse Bach.
Sobre o campo de golfe, o presidente do COI salientou que o
sistema de irrigação dos gramados não utilizará água potável nem prejudicará as
lagoas da Barra e de Jacarepaguá. “A irrigação do campo de golfe não vai afetar
os recursos de água potável da população. Parte do campo já estava comprometida
como área de despejos de materiais. Além disso, será a primeira área de golfe
pública do Rio de Janeiro. Há dois campos de golfe na cidade, mas ambos são
privados.” Sobre o corte das árvores na Marina da Glória, o executivo não se
manifestou.
Apesar das explicações, na saída do hotel, Thomas Bach foi
recebido pelos manifestantes com vaias e apitaço. Mesmo assim, ele driblou o
esquema de segurança e tentou falar com os ativistas, mas não foi possível, por
causa do barulho. Apenas recebeu um panfleto com as reivindicações do grupo. Um
dos manifestantes carregava um cartaz com a frase “Thomas Bach nature killer”,
ou “Thomas Bach assassino da natureza”.
A próxima visita de inspeção do COI ao Brasil está
programada para agosto deste ano. Em 2015, estão previstos 21 eventos-testes
para saber se as arenas esportivas estarão aptas a receber as competições em
2016.