Segunda, 23 de fevereiro de 2015
Do http://independenciasulamericana.com.br/
Herdeiro
de uma desgraça financeira – R$ 3,5 bilhões de papagaios deixados pelo
ex-governador Agnelo Queiroz, segundo as autoridades do GDF -, o
governador Rodrigo Rollemberg está em vias de empenhar receita futura de
impostos para levantar empréstimos em bancos privados para pagar
professores, credores de benefícios trabalhistas da ordem de R$ 120
milhões.
Calcula-se,
preliminarmente, que a taxa de juros, para um montante de cerca de R$
400 milhões, a serem levantados na banca privada, ficará em torno de 17%
a 20% ao ano!
Agiotagem pura, imposta pelo mercado financeiro, que, no Brasil, como se sabe, atua na base do oligopólio.
Rollemberg está caindo na armadilha feroz da dívida.
Os
banqueiros agiotas, de burra cheia, registrando lucros superiores a 20%
ao ano, em meio a uma economia com crescimento zero, financiando o
governo às taxas de juros mais altas do mundo, imporão sua canga sobre a
população do Distrito Federal, que, afinal, pagará a conta.
Rodrigo faria o que Tancredo Neves disse que jamais faria, ou seja, pagar dívida com a fome do povo?
Quem assegura que esse montante será arrecadado?
Ninguém.
Por isso, o juro pelo risco pode subir mais.
Afinal,
a economia, conforme analistas em geral, estará em recessão esse ano,
no compasso do ajuste fiscal tocado pelo ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, cuja característica está sendo a de frear as forças produtivas,
quanto mais tenta diminuir a participação do Estado na economia, em nome
da formação de poupança, para o setor privado poder investir.
Essa tese neoliberal, no ambiente da crise capitalista global, não está dando certo em lugar nenhum.
Pelo contrário, a antítese a ela está sendo dada por meio de reações políticas generalizadas contra a austeridade.
Esta
se traduz em restrição do consumo interno, em redução da arrecadação e
dos investimentos em geral, razão pela qual tensões sociais se ampliam,
especialmente, nos países emergentes europeus, onde crescem os partidos
radicais de esquerda.
Brasília,
capital do País, centro político nervoso nacional, estará livre das
agitações sociais, se a arrecadação fiscal do GDF despencar no ritmo da
paralisia econômica neoliberal levyana, impedindo materialização dos
investimentos e, consequentemente, mobilizando a sociedade à reação
contra tal status quo?
Rollemberg está diante de grande desafio.
Por
que não assume o discurso do socialista Tsipras, do Siryza, na Grécia,
em defesa de ampla renegociação das dívidas dos governos estaduais e
distrital, a ser debatida num encontro nacional, em Brasília, pelo
fortalecimento do pacto federativo?
Ganharia pontos no plano nacional e distrital, mobilizando a sociedade
para novo pacto político financeiro nas relações entre governo federal e
unidades federativas, todas, financeiramente, quebradas.
Tal
situação contribuiria para fortalecer a posição da própria presidenta
Dilma Rousseff, para chamar os credores a fim de renegociar a dívida do
País, mediante auditoria da dívida, conforme prevê a Constituição.
Não
será possível conviver com um Orçamento Geral da União(OGU), de R$ 2,83
trilhões(2014), dos quais 42% são destinados ao pagamento de juros e
amortizações.
Os
governadores, certamente, não terão recursos para tocar políticas
sociais(saúde, educação, segurança, transporte, infraestrutura etc),
tornando-se incapazes de cumprir com suas promessas eleitorais.
Já, já serão vomitados pela população nas ruas.
O
socialista Rollemberg, do palco da capital da República, ganharia
sonoridade nacional, levantando a bandeira da renegociação da dívida.
Essa é
a luta internacional, que moboliza a classe trabalhadora em todo o
mundo capitalista em crise, produzida pela especulação financeira em
cima do próprio endividamento estatal em escala global.
Se não
pensar grande, vai se diluir nas discussões menores que estão
envolvendo-o, no plano financeiro, levando-o a discutir não o todo mas
parte de uma totalidade – o grande endividamento público – , que requer
tratamento político.
As lições da Grécia estão aí, mobilizando a opinião pública mundial.
Por que não se antecipar às consequências dessa crise propondo um programa político para enfrentá-la?
Brasília, epicentro da América do Sul, palco internacional, pode reverberar discurso de dimensão global.
Caso contrário, a Capital vai ferver com mobilizações que levaram Atenas a derrubar o governo neoliberal.