Sábado, 28 de março de 2015
Consultorias do ex-ministro teriam sido usadas para desviar R$ 100
milhões ao PT. Agentes da PF relacionam intermediação de petista à
doação milionária à campanha de Dilma em 2010
Da Revista IstoÉ Edição: 2365
| 27.Mar.15
Claudio Dantas Sequeira e Mário Simas Filho
A pedido da Procuradoria Geral da República
está em curso na Justiça Federal do Paraná uma investigação sobre a
participação do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antônio Palocci
Filho, no esquema do Petrolão. Entre os alvos principais do processo
estão contratos feitos entre a Projeto – consultoria financeira
pertencente ao ex-ministro – e empresas que fizeram direta ou
indiretamente negócios com a Petrobras. Com base em delações premiadas,
documentos apreendidos e até na prestação de contas feitas pelos
partidos, procuradores e delegados da Operação Lava Jato calculam que
consultorias feitas por Palocci possam ter sido usadas para desviar
cerca de R$ 100 milhões do Petrolão para os cofres do PT. “Vamos
demonstrar que, assim como o ex-ministro José Dirceu, Palocci trabalhou
para favorecer grupos privados em contratos feitos com a Petrobras e
canalizou ao partido propinas obtidas a partir de recursos desviados da
estatal”, disse um dos procuradores na tarde da quarta-feira 25.
Até a semana passada, os procuradores
observavam com lupa seis contratos da empresa de Palocci e nas próximas
semanas deverão recorrer ao juiz Sérgio Moro para que autorize a quebra
dos sigilos bancário e fiscal do ex-ministro. Os documentos e
depoimentos que mais têm despertado a atenção de delegados e
procuradores dizem respeito às relações do ex-ministro com a WTorre
Engenharia e com o Estaleiro Rio Grande. De acordo com os relatos feitos
por procuradores da Lava Jato, em 2006, após deixar o governo Lula
acusado de violar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos
Costa (leia quadro na pág. 38), Palocci teria intermediado a aquisição
do Estaleiro Rio Grande pela WTorre. Meses depois da negociação e sem
nenhuma expertise no setor naval, a empresa venceu uma concorrência para
arrendamento exclusivo do estaleiro à Petrobras. Em seguida, a estatal
fez uma encomenda para a construção de oito cascos de plataformas
marítimas, em um contrato de aproximadamente US$ 6,5 bilhões. “Não é
comum que uma empresa sem nenhum histórico no setor vença uma
concorrência bilionária”, afirma um dos procuradores da Lava Jato. Os
indícios encontrados pelo Ministério Público, porém, vão além do simples
estranhamento.
Investigações promovidas pela Operação Lava
Jato indicam que, por orientação de Palocci, o Estaleiro Rio Grande
buscou parcerias internacionais para poder cumprir o contrato com a
Petrobras. Uma das empresas procuradas para tanto foi a holandesa SBM,
já relacionada como uma das mais fortes pagadoras de propinas no esquema
do Petrolão. Os documentos em poder da Operação Lava Jato mostram que,
no início do ano passado, um ex-executivo da SBM, Jonathan Taylor,
procurou a Receita e o Ministério Público da Holanda e revelou que
empresa destinara US$ 102 milhões para o pagamento de propinas no
Brasil, em troca de contratos para o fornecimento de navios e
plataformas a Petrobras.
Leia a íntegra em:
http://www.istoe.com.br/reportagens/411244_AS+OPERACOES+DE+PALOCCI+NA+LAVA+JATO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage