Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 30 de março de 2015

Reserva moral do Brasil, espelho de várias gerações

Segunda, 30 de março de 2015
Da Tribuna da Imprensa

Por Daniel Mazola

Em tempos de crise profunda na Associação Brasileira de Imprensa e no País, resolvi relembrar de uma reserva moral do Brasil. Falo do inesquecível nacionalista que durante o governo do ditador Médici em 1973 candidatou-se a vice-presidente da República na chapa encabeçada por Ulisses Guimarães pelo então MDB. Participou da Campanha pela anistia ampla, geral e irrestrita, que teve sucesso em 1979 e em 1992, foi o primeiro signatário do pedido de impeachment do então Presidente Fernando Collor de Mello. A partir de 1994 esse bravo lutador participou de manifestações contrárias às privatizações de empresas públicas, política iniciada no governo Collor e ampliada no governo FHC. Em 1998 ele foi contrário a revisão constitucional que permitia a reeleição dos ocupantes de cargos executivos, por considerar “prejudicial aos interesses do Brasil”. 
 “BARBOSA LIMA SOBRINHO construiu um monumento à dignidade e à honradez”, afirmou o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, logo após a morte do jornalista aos 103 anos, em 16 de julho de 2000. 
Alguns pensamentos e reflexões do "Dr. Barbosa"
 “A igualdade é pressuposto básico da Democracia, que, sem ela, não tem condições de sobreviver” 
 “O Liberalismo de dois séculos atrás virou agora o Neoliberalismo; tudo isso para dar a impressão de modernidade, tentando dissimular a servidão, que continua a mesma” 
 Se nós não confiarmos na mocidade, estamos perdidos porque, de fato, vão depender dela os destinos do Brasil” 
 “Quem é o dono efetivo do patrimônio público? É o Estado ou o povo que contribuiu com seus recursos para pagar na forma de impostos?” 
 “O segredo para aliviar o peso do passar dos anos é ter sempre a consciência tranquila” 
 “A política internacional está se desenvolvendo em favor dos EUA. Globalização e outras palavras que inventaram têm o intuito de nos fazer dependentes dos EUA. Chegaram a um nível de poder jamais alcançado por outra nação. É a defesa dos interesses deles através dessa globalização, que é um regime em que só os mais fortes predominam” 
 “Alguns viajam com os pés, outros com a cabeça”
 “Ainda que pequenos e nem sempre bem acabados, esses jornais e essas revistas prestam relevante serviço ao jornalismo, sem contar que, quem hoje é pequeno, amanhã poderá ser um gigante”
 “Não temas envelhecer, meu jovem amigo, desde que envelheçam contigo as tuas paixões de hoje. A velhice não é má, nem martirizante. Tu poderás descobrir, na tua ancianidade, prazeres que ignoravas e que te declinarão mais que os teus gozos de hoje, porque nesse tempo a tua alma será muito mais sensível e muito mais meiga”
 “Quando me tirarem a capacidade de luta, tiram também a capacidade de viver"
Morto há quase 15 anos, o advogado, jornalista, ensaísta, historiador e político brasileiro, integrou durante décadas a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Academia Brasileira de Letras. Nosso “imortal” foi um brasileiro notável, que participou durante todo o século passado, dos mais importantes acontecimentos da vida de nosso País.
Como diretor-presidente da ABI BARBOSA LIMA SOBRINHO sempre buscou “assegurar e ampliar as conquistas sociais do povo brasileiro, (...) e tendo por finalidade maior a defesa da ética, dos direitos humanos e da liberdade de informação e expressão. (Art. 1º do Estatuto). À Associação Brasileira de Imprensa, na qualidade de fórum da sociedade civil, cabe promover e articular movimentos em defesa do patrimônio e da soberania nacionais” (Art. 2º do Estatuto). Assim ele pensava e agia como gestor da entidade.
Dr. Barbosa consolidou a ABI como uma instituição devotada à defesa dos direitos humanos e do respeito às disposições constitucionais que garantem as liberdades públicas. BARBOSA LIMA SOBRINHO respeitava nossas regras e atribuições, e assim mantinha a ABI nas LUTAS!
O mês de abril será em homenagem a ele, amanhã publicaremos seu último artigo, "A Exclusão da Classe Média" escrito para a coluna do Jornal do Brasil e publicado no dia em que faleceu, na cidade do Rio de Janeiro. Só assim as novas e futuras gerações também poderão tê-lo como espelho e referência de vida.