Domingo, 26 de abril de 2015
==========
Do ESQUERDA.NET
Por António José André
No dia 26 de abril de 1937,
Guernica (ou Gernika, em euskera), vila histórica do País Basco, foi
bombardeada pelas tropas de Francisco Franco aliadas das tropas nazis de
Hitler e fascistas de Mussolini.
Foto de Gernikako
Bakearen Museoa Fundazioa
Nesse dia, além dos seus 5 mil habitantes, Guernica
encontrava-se cheia de refugiados/as doutras cidades próximas e de combatentes
a caminho de Bilbau, principal cidade da região, para defendê-la dos ataques
das tropas fascistas.
As sirenes tocaram, às 15h30, e a população desesperada
procurou refúgio sabendo que se avizinhava um ataque. Após as sirenes, começou
o primeiro ataque, sob as ordens do tenente coronel alemão, Wolfram von
Richthofen, da Legião Condor.
Um avião Dornier alemão e 3 aviões Savoias italianos
lançaram toneladas de bombas numa ponte da vila e na estação de comboio,
atingindo casas e a igreja de São João. Pouco depois, 3 aviões He-111 alemães
despejaram bombas na cidade.
Um novo e mais pesado bombardeamento, às 18h, foi levado a
cabo por dezanove aviões Ju-52 alemães que lançaram bombas explosivas e
incendiárias com o objetivo de dizimar toda a cidade.
Houve um quarto ataque, dessa vez com metralhadoras. A
quantidade de fumo resultante dos bombardeamentos e do fogo propiciou a
destruição. Morreram entre 150 e 300 bascos/as, tendo ficado feridas e
mutiladas centenas de pessoas.
Os horrores desse ataque foram contados ao mundo por George
Steer, jornalista do "The Time", que visitou a vila pouco após a sua
destruição, e por Pablo Picasso no seu quadro "Guernica", onde
colocou o sofrimento das vítimas inocentes da guerra.
Poucos edifícios ficaram de pé, em Guernica. Ficaram apenas
intactos os prédios das Juntas (governo local) e a Árvore de Guernica: símbolo
máximo da resistência e da sobrevivência do povo basco.
Após esse ataque, a guerra continuou e a efémera República
Basca sucumbiu. Os líderes bascos foram para o exílio (os que tiveram sorte) e
muitos foram presos, torturados e mortos, no período imediatamente posterior à
Guerra Civil Espanhola.
A ditadura de Franco foi cruel para com bascos/as, catalães,
galegos e espanhóis. Até 1976, milhares de pessoas foram torturadas, mortas,
desaparecidas ou atiradas para valas comuns de modo a nunca serem
identificadas.
Faz hoje 78 anos que Guernica foi bombardeada. Esse foi um
dos períodos mais terríveis da história moderna - prenúncio da II Guerra
Mundial - onde se cometeram imensos horrores, que jamais serão esquecidos.
Guernica constitui hoje um importante pólo da cultura basca.
No Museu da Paz
(Gernikako Bakearen Museoa) encontram-se as marcas da guerra preservadas para
que permaneçam na memória da população e dos/as visitantes.
Artigo de António José André, para
esquerda.net