Segunda, 27 de julho de 2015
Carlos Newton
A notícia é espantosa e já se antevia nas primeiras informações
reveladas sobre a súbita mudança da criminalista Beatriz Catta Preta
para Miami. Afirmamos aqui na Tribuna da Internet
que era muito estranho que um escritório de advocacia renunciasse
simultaneamente à defesa de vários clientes milionários. Agora surge a
explicação do inusitado gesto, divulgada pelo colunista Felipe Moura
Brasil, no site da revista Veja: a criminalista teve de fugir do país.
Quando reproduzimos a importantíssima informação dele, enviada pelo
advogado e jornalista José Carlos Werneck, o jurista Jorge Béja
imediatamente nos mandou a seguinte mensagem.
“Meus Deus, aonde vamos parar? É muito grave e perigosa a situação do
país. A advogada fugiu do Brasil para preservar sua vida e a de seus
filhos. É a dedução que se faz. Especialista em Delação Premiada, por
ela conduzida — e foi a Delação Premiada que possibilitou que a verdade
fosse descoberta —, essa moça foi embora. Com medo, certamente. E ela
não defendeu ninguém. Apenas conduziu a Delação Premiada, dizendo e
informando a seus clientes e a todos os partícipes do processo, como o
procedimento deveria ser seguido. Ou seja, o que pode e o que não pode.
Foi apenas uma orientadora. Nada mais. E sua atuação foi fatal.”
FORA DO PAÍS
O colunista Felipe Moura Brasil publicou que algo de muito grave fez
com que Catta Preta decidisse sair de cena – e há indícios de que ela
estava apavorada quando o fez. “Em maio, por razões desconhecidas,
deixou de mandar o filho à escola e pediu à direção o trancamento da
matrícula. Em junho, foi a vez de tirar também a menina mais nova da
escolinha que frequentava. Um advogado próximo a Catta Preta afirmou a
Veja que ouviu de um amigo em comum aos dois que ela vinha recebendo
ameaças e que, por isso, teria saído ‘fugida’ do país. Há duas semanas,
“dispensou recepcionistas e secretária e parou de atender o celular. Na
segunda-feira 20, enviou um e-mail a todos os seus clientes anunciando
que não mais faria a defesa deles. Ato contínuo, deixou o Brasil”,
assinalou o jornalista.
Notem que a partida da criminalista foi tão às pressas que nem cobrou
seus honorários aos clientes. Na Advocacia, sabe-se que os réus, quanto
mais ricos, mais renitentes se mostram na hora de pagar a seus
defensores. E Beatriz Catta Preta deixou tudo de lado e partiu em busca
de segurança.
AMEAÇADA E INSEGURA
O fato é que a advogada paulista se sentiu ameaçada e insegura. É
casada com um ex-cliente, Eduardo Catta Preta. Ele foi preso em 2011 por
passar dólares falsos, cumpriu a condenação em liberdade e vinha
trabalhando com a mulher na parte administrativa do escritório. Para
ela, que é mãe, nada vale mais do que a segurança dos dois filhos. No
lugar dela, qualquer outra mulher faria o mesmo.
Onde está a Ordem dos Advogados do Brasil, que tão prontamente se
colocou à disposição dos advogados da Odebrecht para defender supostos
direitos deles? O Ministério da Justiça, que tem sido tão disponível
para defender um governo altamente corrupto, como se isso fosse missão
da pasta, onde se meteu? Da mesma forma, por onde anda a Secretaria dos
Direitos Humanos, que tem status de ministério? E as milhares de ONGs
que dizem trabalhar pelos perseguidos e excluídos, onde estão escondidas
essas estranhas organizações?
Mais de 24 horas depois da divulgação deste clamoroso fato que
desonra o país, ainda não se viu nenhum pronunciamento em favor dos
direitos da advogada Beatriz Catta Preta. Alguém esperava alguma coisa
diferente?
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PS – A chamada imprensa pré-paga está explorando ao
máximo o fato de o marido da advogada ter sido processado e cumprido
pena. Mas não se deve misturar as coisas. Cada um de nós é responsável
por seus atos. E paga por eles. (C.N.)