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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Quem vai querer o PPE? "Programa de Proteção ao Emprego"


Quinta, 30 de julho de 2015
Da cutindependentedeluta.wordpress.com

O debate está aberto na CUT sobre a correção ou não da proposta
Programa de Proteção ao Emprego (PPE), criado pela MP 680, está aberto para adesões desde o dia 22 de julho, mas até agora apenas três empresas interessaram-se em optar pela redução da jornada com redução de salários.
Saudado por dirigentes metalúrgicos e também pela Anfavea (fabricantes de veículos), entretanto nem a Mercedes de São Bernardo, nem a GM de São Caetano, optaram pelo PPE. Ambas dizem que têm “excedente” de trabalhadores, dois mil na Mercedes e 500 na GM, e que vão demitir!
Assim, o PPE não está sendo utilizado nem pelas montadoras, para as quais foi concebido numa linha de “parceria capital/trabalho” importada da Alemanha. Num momento de recessão, fruto do ajuste fiscal de Levy, elas optam pela pura e simples demissão.

Combater o PPE
A direção da CONTRACS-CUT (comércio e serviços) em nota de 15 de julho, depois de afirmar que “direito não se reduz, se amplia”, caracteriza a MP 680 como “mais um instrumento utilizado pelo Governo Federal visando favorecer o setor patronal em detrimento da classe trabalhadora” e toma posição contrária ao PPE.
Em 21 de julho, a Executiva nacional da CUT adotou resolução que diz: “Em relação ao PPE, a CUT acompanhará a experiência negociada com o governo Dilma e assegurará o debate interno sobre a correção ou não da proposta como instrumento para enfrentar momentos de crise, considerando importante que o acordo deva ser submetido à assembleia dos trabalhadores. A CUT reafirma também sua posição histórica pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, pela ratificação da Convenção 158 da OIT que coíbe a rotatividade no trabalho…”.
Logo, o PPE não é posição da CUT, que vai “acompanhar a experiência” e fazer o debate sobre “a correção ou não da proposta”.
O “Portal Brasil” do governo afirma, sobre o PPE: “A ideia é fornecer alternativa aos empresários para redução de custos sem corte de empregos. Os custos aos cofres com pagamento de benefícios como o Seguro-Desemprego são mais elevados do que subsidiar parte de uma redução salarial, que vem acompanhada de uma redução de jornada de trabalho”.
O PPE é um “tiro no pé” para os sindicatos, que estariam chamados a legitimar a redução de salários. Isso, se interessar às empresas “optar” por essa via.
Em congressos estaduais da CUT, que preparam o 12º CONCUT (outubro), foi adotada uma proposta de resolução, antecipando o que viria com a MP 680, que diz: “Ao contrário de parceria com as empresas para reduzir jornadas e salários, com recursos do FAT ou FGTS, que são dos trabalhadores, para pagar salários reduzidos, a CUT deve encabeçar a luta contra as demissões e pela garantia no emprego, pois se algo tem que ser reduzido é a margem de lucro dos capitalistas”.
Julio Turra
*texto originalmente publicado em jornal O Trabalho ed. 770 otrabalho.org.br