Domingo, 30 de agosto de 2015
Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
Por
que a popularidade da presidenta Dilma Rousseff despencou a ponto de
torná-la ainda mais malquista do que os calamitosos Sarney e Collor?
Creio que a já fracassada (o governo acaba de desistir) tentativa de
recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira ajuda
a equacionar a questão.
Até agora, eram vistos como vilões maiores a recessão econômica e o mar de lama que as investigações do mensalão e do petrolão escancararam. O estelionato eleitoral de 2014 parecia ter ficado para trás.
No entanto, a extrema repulsa com que foi unanimemente recebida a ideia de ressuscitar a CPMF dá o que pensarmos.
Em 1993, ela foi vendida como uma solução para o custeio da Saúde
Pública, com o respeitável doutor Adib Jatene emprestando ingenuamente
sua imagem ilibada para uma pilantragem a mais dos políticos, sempre à
cata de novos pretextos para tosquiarem os cidadãos.
O povo engoliu de boa fé a patranha e ficou espumando de raiva quando
lhe caiu a ficha de que o objetivo real da patifaria jamais fora o de
melhorar a Previdência Social, mas sim o de rechear os cofres do
governo.
Ainda assim, o mesmo peixe podre foi vendido novamente no período
1997/2007, só que ninguém mais o comprou por livre e espontânea vontade.
Foi enfiado goela dos governados adentro.
Extinta para alívio geral, esta herança maldita do FHC continuou
atraente para os governos petistas, que a quiseram exumar em 2008, 2011
e, agora, em 2015. Negativo. O povo não é bobo, acreditou uma vez e
nunca mais! Detesta os que tentam engambelá-lo de novo.
Seria interessante uma pesquisa que avaliasse o quanto pesa, na rejeição
de Dilma, o fato de ela haver vencido a eleição de 2014 fazendo
alarmismo a respeito da política econômica dos seus dois principais
rivais, tendo depois adotado exatamente o mesmo receituário neoliberal.
Quem votou contra o arrocho fiscal ao votar em Dilma, agora percebe que
foi feito de bobo e jogou seu voto no lixo. Fustigado pela inflação,
pelo aumento das tarifas, pelo desemprego, pela perda de poder
aquisitivo, em quem há de colocar a culpa?
Na Dilma, claro, pois foi ela quem prometeu mantê-lo a salvo de todos esses fantasmas.
Cujo arrastar de correntes é cada vez mais insuportável.