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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Atuação do MPF/MG em defesa do patrimônio cultural beneficia Operação Lava Jato

Segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Do MPF
Equipamentos de última geração, adquiridos por meio de um TAC firmado pelo MPF em Belo Horizonte, serão utilizados pela Polícia Federal na análise de obras de arte apreendidas
Peritos da Polícia Federal que analisam as obras de arte apreendidas pela Força-Tarefa da Operação Lava Jato utilizaram, durante treinamento ocorrido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nos últimos dias 14 a 16 de setembro, equipamentos de última geração obtidos pelo Ministério Público Federal (MPF) em outra área de atuação: na defesa do patrimônio cultural brasileiro.

O kit de aparelhos, composto por um espectômetro de infravermelho portátil, Raman e um aparelho de raio-X, foi adquirido através da assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o MPF, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) e a empresa Anglo Ferrous Minas-Rio Mineração S.A., em junho de 2013.
O TAC, por sua vez, teve o objetivo de compensar danos a importante sítio arqueológico situado no município de Carangola, na Zona da Mata Mineira, causados pela construção do Mineroduto Minas-Rio. Embora a empresa tenha paralisado as atividades na área ao identificar os indícios do sítio arqueológico, os impactos já causados foram considerados de impossível recuperação pelo Iphan, o que impôs a medida alternativa de compensação.
A Anglo Ferrous efetuou a doação de R$1,2 milhões de reais, que seriam destinados, inicialmente à construção do 1º centro brasileiro de referência em arqueologia. Para fixar os valores da compensação, levou-se em conta os custos do trecho do Mineroduto que passa por Carangola/MG, a partir de documentação fornecida pela própria empresa, bem como a relevância do patrimônio cultural maculado.
Posteriormente, o Iphan desistiu do Centro de Arqueologia, optando por utilizar os recursos na instalação de um Atelier de Conservação e Restauração, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Enquanto as obras de adequação do imóvel que abrigará o laboratório não ficam prontas, parte dos equipamentos já adquiridos foram destinados ao Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor), da Escola de Belas Artes da UFMG, que é referência técnico-científica na área de identificação, conservação e restauração de obras de arte.
Os novos equipamentos permitem, entre outros, identificar a composição química dos materiais utilizados na confecção de uma obra, assim como as várias camadas de material sobrepostos em determinado objeto, como resinas, ceras, colas, gomas, óleos e pigmentos.
"O grande diferencial, entretanto, é a portabilidade desses equipamentos, a exemplo do espectômetro de infravermelho", explica o coordenador do Lacicor, professor Luiz Souza. "Hoje, nós podemos atender demandas diretamente em campo, nas igrejas, nos museus, bibliotecas e galerias, para os processos de conservação e restauração e eventualmente até de verificação de autenticidade".
Segundo Luiz Souza, "é preciso destacar a contribuição do Ministério Público Federal na área de ciência e tecnologia para a preservação de bens culturais no Brasil, pois foi a partir de sua atuação que o Lacicor, que é um laboratório referência em toda a América Latina, pôde receber equipamentos de ponta que nos permitirá desenvolver nosso trabalho com maior precisão, rapidez e qualidade técnica".
Foram responsáveis pela assinatura do TAC os procuradores da República Zani Cajueiro, coordenadora do grupo de trabalho de proteção ao patrimônio cultural da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, e Lucas de Morais Gualtieri, titular da Procuradoria da República em Manhuaçu/MG.
Para a coordenadora do GT Patrimônio Cultural, "a repercussão desse ajuste, unindo as áreas de tutela coletiva, combate à corrupção e ao crime, é pioneira. Possibilitou treinamento da Polícia Federal com aparelhos de ponta, que permitem aferir a autenticidade e facilitar a valoração dos bens culturais apreendidos na maior operação de combate à corrupção jamais vista no Brasil. Esse caso espelha a importância do trabalho conjunto entre a Academia, com sua capacidade técnica, o IPHAN, a Polícia Federal e o MPF. "
Fonte: Assessoria de Comunicação Social — Ministério Público Federal em Minas Gerais