Sexta, 26 de fevereiro de 2016
André Richter - Repórter da Agência Brasil
A Polícia Federal disse hoje (26) ao juiz federal Sérgio
Moro que há indícios de que o publicitário João Santana recebeu R$ 4
milhões da empreiteira Odebrecht no Brasil. Para a PF, os dados divergem
da versão apresentada pelo casal nos depoimentos prestados nesta
semana. Com base na afirmação, os delegados e procuradores da Operação
Lava Jato pediram a prorrogação da prisão de Santana e de Mônica por
mais cinco dias.
No relatório, a PF afirma que apreendeu
uma planilha na casa da investigada Maria Lúcia Tavares, funcionária da
Odebrecht, que, segundo as investigações, seria responsável pelos
pagamentos a Santana.
No documento intitulado Feira-Evento 14
foram identificados sete pagamentos, que totalizam R$ 4 milhões, e fazem
referência às palavras Cid, São e totalmente atendida. Segundo a PF, os
termos Cid e São levam a crer que trata-se da cidade de São Paulo; o
termo Feira faz referência ao apelido de João Santana.
"Os dados
levam a crer que o programa Feira-Evento 14 recebeu, no período de
24/10/2014 a 07/11/2014, sete pagamentos em reais, o que desqualifica
qualquer argumentação de pagamentos recebidos apenas no exterior, a
qualquer título que seja. Agregue-se a isso que tanto Mônica quanto João
Santana foram categóricos ao afirmar que não receberam valores em
espécie no Brasil", diz o relatório.
Em entrevista coletiva nesta
manhã, os advogados de Santana e Mônica refirmaram que eles não
receberam dinheiro da Odebrecht no Brasil. A defesa afirma que eles
obtiveram recursos da empreiteira no exterior, porque era a única forma
de receber pelos serviços prestados nas campanhas na Venezuela e em Angola. A Agência Brasil entrou em contato com a Odebrecht a aguarda retorno.
Depoimento à PF
No
depoimento prestado ontem (25) à PF, o publicitário João Santana
declarou que não recebeu dinheiro no exterior sobre serviços prestados
para campanhas eleitorais no Brasil e que não tem relacionamento com a
empreiteira Odebrecht.
Mônica Moura, mulher do publicitário,
admitiu que recebeu dinheiro não contabilizado nas campanhas eleitorais
de Hugo Chavez, na Venezuela, e do presidente de Angola, José Eduardo
Santos. No entanto, ela negou que tenha recebido recursos ilegais em
campanhas do PT, PDT e PMDB nas quais trabalhou.
O advogado Fábio
Tofic, representante do casal, afirma que não há mais motivos para que
eles continuem preso, sendo que eles admitiram, em depoimento à Polícia
Federal, que receberam recursos lícitos em contas não declaradas no
exterior e autorizaram o acesso às suas movimentações bancárias.