Quinta, 10 de março de 2016
Pedro Peduzzi - Repórter da Agência
Brasil
Dos três réus da Operação Zelotes que
irão depor hoje (10), dois se recusaram a responder às perguntas que seriam
feitas pelo Ministério Público Federal e pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira,
titular da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. O único a prestar
depoimento, mas apenas ao juiz, foi o ex-presidente da Mitsubishi do Brasil
Paulo Arantes Ferraz.
Acusado de corrupção ativa, Paulo
Arantes Ferraz confirmou a contratação da Marcondes e Mautoni Empreendimentos e
Diplomacia Corporativa (M&M), empresa acusada de negociar e repassar
propinas em troca da aprovação de medidas provisórias que beneficiaram empresas
do setor automobilístico.
No depoimento, o ex-presidente da
Mitsubishi disse que o contrato com a M&M teve custo de R$ 16 milhões,
"mas o que ela [M&M] fez, depois, cabe a ela explicar".
Já o advogado de defesa dos demais
réus, o consultor Francisco Mirto Florêncio da Silva e do ex-diretor de
Comunicação do Senado Fernando César Mesquita, Luis Alexandre Rassi diz que a
recusa de seus clientes em responder às perguntas, tanto da procuradoria como
do juiz, se deve às brigas ocorridas em outras audiências.
Em sessões anteriores, os advogados
de defesa reclamaram da forma como o procurador Frederico de Carvalho Paiva se
dirigia às testemunhas e aos réus. Na sessão de hoje, ele foi substituído pelo
procurador Herbert Reis Mesquita.
“Como os depoimentos não trariam
fatos novos, e a fim de evitar mais tumultos, optamos por essa estratégia. A
acusação não merece resposta porque suas argumentações são absurdas. Se houver
alguma prova a ser rebatida, eles [Mirto e Mesquita] até poderiam falar, mas
não há provas nos autos”, disse Rassi. Segundo o procurador Herbert Reis, a
estratégia da defesa, de não responder ao Ministério Público, já era esperada.
"É um direito deles", disse à Agência Brasil.
Acusado de corrupção passiva, o
ex-diretor de Comunicação do Senado teria recebido R$ 78 mil, como pagamento
por monitorar a tramitação da MP 471 no Congresso Nacional, medida provisória
que rendeu benefícios fiscais à MMC e à Caoa entre 2010 e 2015. Já Francisco
Mirto é acusado pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e
corrupção ativa.
A Operação Zelotes, da Polícia
Federal, investiga um suposto esquema de venda de sentenças do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) para beneficiar empresas que foram
multadas pela Receita Federal e a negociação de medidas provisórias a favor de
empresas do setor automobilístico. O Carf é um órgão do Ministério da Fazenda
onde contribuintes recorrem contra multas.