Sábado, 12 de março de 2016
Da Tribuna da Internet
Carlos Newton
Entre as jóias valiosíssimas e obras de arte surrupiadas pela família Lula da Silva e levadas para o cofre numa agência do Banco do Brasil em São Paulo, chama atenção a imagem de Cristo atribuída ao escultor Aleijadinho e que havia sido afixada a pedido de Frei Betto no gabinete presidencial no Planalto. O crucifixo tem uma história curiosa, porque pertencia a Dom Mauro Morelli, bispo de Duque de Caxias, que ganhara a peça de um amigo médico. No fim de 2002, o bispo viu-se obrigado a vender a imagem.
“Coloquei-a à venda para atender a necessidades pessoais e familiares com problemas financeiros decorrentes de enfermidades”, disse Dom Mauro, ao ser entrevistado em 2011 pela repórter Mariana Sanches, da Época. O bispo contou que, antes da posse de Lula, foi convidado a participar de discussões sobre a implantação do programa Fome Zero, em reuniões no Instituto da Cidadania, criado por Lula antes de ser eleito.
Entre uma discussão e outra acerca da pobreza nacional, Dom Mauro encontrou comprador para seu crucifixo – o empresário José Alberto de Camargo, diretor da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que participava das reuniões representando o grupo empresarial da família Moreira Salles. Em janeiro de 2003, com Lula recém-empossado, Camargo, por meio da Fundação Djalma Guimarães, braço cultural da CBMM, pagou R$ 60 mil a Dom Mauro pelo crucifixo.
“Não sabia o que fazer com a obra e aceitei a sugestão de Frei Betto de dá-la ao Lula”, disse Camargo à repórter.
PATRIMÔNIO DA UNIÃO
O crucifixo foi realmente presenteado a Lula, mas depois que ele já havia assumido a Presidência da República, ou seja, pertence ao Patrimônio da União. “Quando chegou aqui, o crucifixo parecia três pedaços de carvão”, disse Cláudio Soares, diretor de Documentação Histórica da Presidência, contando que providenciou o envio da peça ao Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, da Universidade Federal de Minas Gerais, que, durante mais de três meses, trabalhou na limpeza e restauração.
Enquanto isso, no Planalto, deliberava-se sobre qual seria o destino do Cristo. Frei Betto pressionou para colocar na sala de Lula, embora Clara Ant, assessora do presidente, fizesse questão de lembrar que o Estado é laico. Depois de instalado o crucifixo, Frei Betto comandou uma cerimônia religiosa de cerca de dez minutos para dar bênção ao gabinete. E puxou um Pai-Nosso para pedir a Deus que olhasse pelo governo petista. Enquanto o crucifixo esteve no Planalto, tudo funcionou muito bem. Mas depois que foi retirado da parede, surrupiado pela família Lula da Silva e guardado num cofre de banco, parece que as sete pragas do Egito desabaram sobre o Brasil.