Terça, 22 de março de 2016
Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil
Há indícios de que as obras de construção da Arena
Corinthians, conhecido como Itaquerão, em São Paulo, envolveram o
pagamento de propinas por parte da empreiteira Odebrecht, alvo da 26ª
fase da Lava Jato, denominada Operação Xepa, deflagrada hoje (22). O estádio foi o palco da abertura da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Segundo
o procurador da República Carlos Fernandes Lima, a diretoria
responsável pela supervisão da obra do Itaquerão aparece em documentos e
tabelas apreendidos pela Polícia Federal que indicam o pagamento de
propinas relacionadas à obra.
Em relação a outros estádios da
Copa, o procurador afirmou que outras fases da Lava Jato já haviam
indicado o pagamento de propinas envolvendo empreiteiras. Novos indícios
estão sendo colhidos, acrescentou ele, “inclusive de delações que ainda
estão em andamento”.
No despacho do juiz Sergio Moro
autorizando as prisões e conduções coercitivas realizadas hoje pela
Polícia Federal, consta que Antônio Roberto Gavioli, diretor de contrato
da Odebrecht Infraestrutura, responsável pela obra da Arena do
Corinthias, figura em planilhas como responsável por solicitação de
pagamentos em espécie de R$ 500 mil, em data não identificada para
pessoa identificada pelo codinome 'Timão'".
O
vice-presidente do Corinthians, André Luiz Oliveira, conhecido como
André “Negão”, foi levado hoje (22) em condução coercitiva pela Polícia
Federal e prestou depoimento em São Paulo. Gavioli também foi levado
para depoimento.
Em nota oficial, o Corinthians afirmou que
“quaisquer irregularidades ou desvios de conduta, constatados por
autoridades ou não, serão devidamente apurados, e a instituição tomará
todas as providências a si cabíveis para punir os responsáveis, bem como
diligenciar para que todos os prejuízos causados ao Clube e à Arena
Corinthians sejam ressarcidos.”
Operação Xepa
A
26ª fase da Lava Jato deflagrada hoje (21), envolveu cerca de 380
policiais federais, no cumprimento de 110 ordens judiciais nos estados
de São Paulo, Rio de janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia,
Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco. Foram cumpridos 67
mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11
mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão preventiva.
Em nota,
a Odebrecht garante que está ajudando nas investigações sobre ações de
corrupção e desvios de recursos públicos. "A empresa tem prestado todo o
auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos
necessários.”