Foto: Gabriel Soares/Democratize
As agressões ocorreram após a
ativista Silvia Ferraro descer do carro de som, onde ela criticou o governo
petista pela inércia em relação com pautas envolvendo a mulher no Brasil.
Segundo informações, militantes de organizações pró-governo a tentaram agredir,
começando uma confusão que separou a manifestação em duas.
O Dia Internacional de Luta
das Mulheres deveria ser marcado pela unidade em torno dos movimentos
feministas contra o avanço conservador de Brasília, encabeçado pelo Congresso e
pelo governo federal. Mas não foi bem assim - pelo menos em São Paulo.
Segundo informações da nossa
colaboradora Carol Nogueira, que inclusive participou das diversas reuniões que
foram feitas para elaborar o ato de hoje, militantes feministas que
participaram da organização acusaram os movimentos pró-governo federal de
intervir na mobilização, querendo “sequestrar o ato”.
Tais movimentos seriam a UJS
e a CUT, além de organizações feministas ligadas ao Partido dos Trabalhadores.
A intenção desses grupos teria sido pautar a manifestação desta noite em São
Paulo como uma espécie de “Mulheres por Lula”, ou “Mulheres contra o Golpe” -
ou seja, contrariando a decisão já estabelecida nas reuniões de organização do
ato.
Faixa da FLM, organização ligada ao PT, no ato de
hoje | Foto: Gabriel Soares/Democratize
Lideranças dos movimentos
pró-governo afirmaram à redação do Democratize que também ficaram insatisfeitas
com o “sequestrar o ato”, mas que a situação fugiu ao controle da organização.
A divisão do ato, tal como a defesa de figuras ligadas ao PT, teria partido dos
próprios participantes da manifestação.
Após a ativista Silvia
Ferrano criticar no carro de som a postura do governo federal diante das pautas
feministas no Brasil, a situação saiu do controle.
Militantes pró-governo,
incluindo até mesmo homens, cercaram a saída do carro de som, e tentaram
agredi-la junto com outras companheiras. Houve confusão e ameaças, que acabaram
desencadeando na divisão da manifestação deste dia 8 de Março em duas frentes.
Foto: Gabriel Soares/Democratize
Segundo informações
repassadas ao Democratize, centenas de pessoas seguiram na marcha composta pelo
Bloco de Esquerda, composto por organizações como PSOL, PSTU, PCB e militantes
autônomas. Do outro lado, cerca de 3 mil seguiram na marcha guiada pelos
segmentos pró-governo.
O desentendimento entre os
dois grupos é um reflexo do que vem acontecendo desde sexta-feira passada,
quando o ex-presidente Lula (PT) foi conduzido pela Polícia Federal para depor
durante a nova fase da Operação Lava Jato. Setores pró-governo reclamam sobre o
fato de organizações de esquerda não estarem se esforçando para “travar o
golpe” contra o governo petista. Do outro lado, partidos políticos de oposição
de esquerda ao governo - como PSOL - se recusam a defender o governo Dilma
Rousseff, porém admitindo um verdadeiro espetáculo midiático em torno da
operação Lava Jato, e principalmente criticando a seletividade da Justiça de
Sérgio Moro.