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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 9 de março de 2016

Militantes pró-governo agridem feministas em ato do Dia da Mulher em São Paulo

Quarta, 9 de março de 2016
do Democratize

Foto: Gabriel Soares/Democratize
As agressões ocorreram após a ativista Silvia Ferraro descer do carro de som, onde ela criticou o governo petista pela inércia em relação com pautas envolvendo a mulher no Brasil. Segundo informações, militantes de organizações pró-governo a tentaram agredir, começando uma confusão que separou a manifestação em duas.
O Dia Internacional de Luta das Mulheres deveria ser marcado pela unidade em torno dos movimentos feministas contra o avanço conservador de Brasília, encabeçado pelo Congresso e pelo governo federal. Mas não foi bem assim - pelo menos em São Paulo.
Segundo informações da nossa colaboradora Carol Nogueira, que inclusive participou das diversas reuniões que foram feitas para elaborar o ato de hoje, militantes feministas que participaram da organização acusaram os movimentos pró-governo federal de intervir na mobilização, querendo “sequestrar o ato”.
Tais movimentos seriam a UJS e a CUT, além de organizações feministas ligadas ao Partido dos Trabalhadores. A intenção desses grupos teria sido pautar a manifestação desta noite em São Paulo como uma espécie de “Mulheres por Lula”, ou “Mulheres contra o Golpe” - ou seja, contrariando a decisão já estabelecida nas reuniões de organização do ato.
Faixa da FLM, organização ligada ao PT, no ato de hoje | Foto: Gabriel Soares/Democratize
Lideranças dos movimentos pró-governo afirmaram à redação do Democratize que também ficaram insatisfeitas com o “sequestrar o ato”, mas que a situação fugiu ao controle da organização. A divisão do ato, tal como a defesa de figuras ligadas ao PT, teria partido dos próprios participantes da manifestação.
Após a ativista Silvia Ferrano criticar no carro de som a postura do governo federal diante das pautas feministas no Brasil, a situação saiu do controle.
Militantes pró-governo, incluindo até mesmo homens, cercaram a saída do carro de som, e tentaram agredi-la junto com outras companheiras. Houve confusão e ameaças, que acabaram desencadeando na divisão da manifestação deste dia 8 de Março em duas frentes.
Foto: Gabriel Soares/Democratize
Segundo informações repassadas ao Democratize, centenas de pessoas seguiram na marcha composta pelo Bloco de Esquerda, composto por organizações como PSOL, PSTU, PCB e militantes autônomas. Do outro lado, cerca de 3 mil seguiram na marcha guiada pelos segmentos pró-governo.
O desentendimento entre os dois grupos é um reflexo do que vem acontecendo desde sexta-feira passada, quando o ex-presidente Lula (PT) foi conduzido pela Polícia Federal para depor durante a nova fase da Operação Lava Jato. Setores pró-governo reclamam sobre o fato de organizações de esquerda não estarem se esforçando para “travar o golpe” contra o governo petista. Do outro lado, partidos políticos de oposição de esquerda ao governo - como PSOL - se recusam a defender o governo Dilma Rousseff, porém admitindo um verdadeiro espetáculo midiático em torno da operação Lava Jato, e principalmente criticando a seletividade da Justiça de Sérgio Moro.