Quarta, 6 de abril de 2016
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
Depois de enfrentarem bombas de efeito moral
lançadas pela Polícia Militar nas ruas do centro de São Paulo,
estudantes secundaristas decidiram, em assembleia na frente do Shopping
Ligth no final da tarde de hoje (6), manter o protesto, desta vez, na
Avenida Paulista.
Os
manifestantes saíram do centro da capital em pequenos grupos e tentam
se reunir novamente na Avenida Paulista para um novo protesto. Os
estudantes protestam contra a decisão do governo de determinar como
serão feitas as eleições para os grêmios estudantis das escolas e pedem
que seja criada uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para
investigar os desvios na merenda escolar.
O ato dos estudantes
teve início com uma assembleia na Praça da República, na frente da
Secretaria Estadual de Educação, por volta das 15h, quando eles
decidiram sair em caminhada pelo centro de São Paulo e, durante o
percurso, fecharam trechos da Avenida Ipiranga, da Avenida São João e da
Avenida Rio Branco.
Estudante detido
Quando chegaram no cruzamento da Avenida Ipiranga com a Avenida Rio Branco, os estudantes decidiram sentar no chão, interrompendo o trânsito na região. O ato seguia de forma pacífica até que policiais militares detiveram um dos estudantes, o que gerou muitos protestos dos manifestantes. Abordado por jornalistas, a polícia disse que ele foi detido apenas para averiguação.
Quando chegaram no cruzamento da Avenida Ipiranga com a Avenida Rio Branco, os estudantes decidiram sentar no chão, interrompendo o trânsito na região. O ato seguia de forma pacífica até que policiais militares detiveram um dos estudantes, o que gerou muitos protestos dos manifestantes. Abordado por jornalistas, a polícia disse que ele foi detido apenas para averiguação.
“Ele estava com máscara e uma
mochila e estava um pouco exaltado. Fizemos então uma [detenção]
preventiva para ver se havia algum objeto ilícito na mochila dele. E não
encontramos nada de irregular. Tanto é que ele foi liberado para voltar
para o protesto para exercer o direito de manifestação dele”, disse o
major da Polícia Militar, Vitor Fedrizzi.
Bombas
Pouco
depois que o estudante foi liberado, os manifestantes decidiram
continuar a caminhada pela Avenida Rio Branco, sentido Largo do
Paissandu. No entanto, policiais fecharam o trajeto, impedindo que a
caminhada continuasse por ali. Os estudantes protestaram contra o
fechamento da via, mas a polícia começou a jogar bombas de efeito moral
em direção aos manifestantes.
Foram três bombas e os estilhaços
provocaram ferimentos em pelo menos dois estudantes. Um deles mostrou
para a reportagem ter se ferido na perna e no ombro. Uma estudante
passou mal por causa das bombas.
Mais detenção
Enquanto tentavam se reorganizar para continuar o protesto, a polícia deteve mais um estudante. A mochila dele foi revistada na frente de vários jornalistas, policiais e manifestantes. A polícia colocou o rapaz, que disse ter 17 anos, dentro da viatura e o levou para uma delegacia não informada.
Enquanto tentavam se reorganizar para continuar o protesto, a polícia deteve mais um estudante. A mochila dele foi revistada na frente de vários jornalistas, policiais e manifestantes. A polícia colocou o rapaz, que disse ter 17 anos, dentro da viatura e o levou para uma delegacia não informada.
Abordado pela reportagem da Agência Brasil
sobre o motivo para terem levado o jovem para a delegacia, um policial
disse que haviam encontrado drogas na mochila do estudante, resposta só
obtida após muita insistência. Um homem que passava pelo local,
inconformado com a prisão, tentava convencer os policiais a liberarem o
estudante.
“Seria porque ele é negro? Gostaria de saber o que
esse menino fez? O que ele fez foi o que os outros fizeram? Por que
apontaram a arma para ele e por que ele está sendo preso? Eu quase tomei
bomba. E por que eu quase tomei bomba, se sou um cidadão que estava
andando para ir à biblioteca? Não sou herói não, mas esse menino não
merece [ser detido]”, disse o aposentado Renê Roldan aos policiais. “Não
vi nenhuma justificativa para prender esse menino”.
Mais bombas
Mesmo
assim, os estudantes decidiram continuar o protesto e tentavam seguir a
caminhada pela Avenida Rio Branco, próximo do Largo do Paissandu,
quando a polícia jogou mais duas bombas. O grupo então se dividiu e
parte dele decidiu se abrigar na Galeria do Rock, enquanto parte seguiu
para o Theatro Municipal. Por volta das 17h, eles voltaram a se reunir
no Shopping Light e ali fizeram uma nova assembleia onde decidiram
continuar o protesto.
Segundo um dos manifestantes, que se
identificou apenas como Mateus, de 17 anos, um dos motivos do ato hoje
foi protestar contra a determinação do governo paulista em tentar
organizar o grêmio estudantil. "Não é tarefa do estado organizar o
grêmio dos alunos. Essa organização tem que ser feita pelos alunos. O
grêmio organizado pelo estado é um instrumento de manipulação porque
consegue intervir na decisão dos alunos para que essas decisões não
sejam nossas, mas deles", disse.
Segundo a Secretaria Estadual de
Educação, o governo decidiu marcar as eleições dos grêmios estudantis
para os dias 13 e 14 de abril, onde cada voto será direto e secreto,
"com o objetivo de ampliar a participação dos 3,7 milhões de alunos do
Ensino Fundamental e Ensino Médio nas unidades escolares e dar maior
transparência ao processo".