Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Dilma quer que os brasileiros padeçam em nome do seu sagrado direito de continuar à deriva

Segunda, 11 de abril de 2016
Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
Governos que nos cabe defender com unhas e dentes são os revolucionários. Como os petistas não o foram em um instante sequer e a revolução brasileira continua tão distante hoje quanto estava no dia 1º de janeiro de 2003, fico pasmo com a histeria e as mentiras cabeludas que estão sendo utilizadas para tentar manter Dilma Rousseff no cargo. 

O poeta Ferreira Gullar matou a cobra e mostrou o pau:
"Quem viveu no Brasil dos anos de 1960 aos 80 sabe muito bem o que é golpe e o que não é democracia. 
Os militares golpistas de 1964 não propuseram que o Congresso votasse o impeachment do então presidente João Goulart. Simplesmente puseram os tanques na rua, fecharam o Congresso e entregaram o governo a um general. 
Os que teimaram em defender a democracia foram simplesmente encarcerados e muitos deles assassinados. Os meios de comunicação foram censurados, de modo que nenhuma palavra contra o golpe podia ser veiculada. 
...Dilma, (...) experimentou na carne o que é golpe e o que é ditadura. Não obstante, está agora representando um papel que lamentavelmente não condiz com seu passado".
Tudo leva a crer que a presidente será afastada, simplesmente porque não consegue governar há 15 meses e 11 dias nem dá nenhuma mostra de saber como tirar a economia brasileira do fundo do poço para o qual ela a despachou. 

"Quero porque quero!" é fala de criança mimada e Dilma até agora não conseguiu desencavar uma única justificativa aceitável para o prosseguimento do seu desastroso governo, um único motivo para acreditarmos que as coisas melhorarão adiante. Mantém sua luta no terreno do legalismo e do embuste, pois nem com a corda no pescoço ousa invocar a luta de classes.

Reelegeu-se sem programa e quer que os brasileiros padeçam em nome do seu sagrado direito de continuar à deriva, trocando de orientação ideológica como de sapatos, ora tentando ressuscitar o nacional-desenvolvimentismo da década de 1950, ora guinando para o extremo oposto e adotando o neoliberalismo de Milton Friedman. Enquanto isto, milhões de coitadezas vão sendo despejados insensivelmente na rua da amargura.

O Brasil não vai acabar com a aprovação do impeachment pelo Congresso Nacional, a cassação da chapa presidencial pelo TSE ou a renúncia da presidente, mas a insistência em prolongar uma situação insustentável poderá levar de roldão nossa democracia, a tanto custo reconquistada.
O PT destruiu nosso presente, ao abandonar a bandeira de uma transformação em profundidade deste país que está entre os mais desiguais e injustos do planeta; e ameaça detonar também nosso futuro, pois não se sabe o que poderá resultar da depressão econômica e da convulsão social para os quais nos encaminhamos.