Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sábado, 2 de abril de 2016

Minha irrestrita solidariedade a Luciana Genro. Meu mais indignado repúdio ao stalinismo

Sábado, 2 de abril de 2016
Do Blog Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
O baixíssimo nível do debate político nas redes sociais me deixou tão desencantado que, de uns anos para cá, não tenho sentido vontade nenhuma de o acompanhar. As demonstrações gritantes de sectarismo e fanatismo só me fazem duvidar de que o pensamento crítico volte um dia a ser estimulado e cultivado em nossas fileiras como na primavera de 1968 –ou, sequer, relativamente praticado na web, como nos saudosos tempos iniciais do Orkut. 

Vejo facebook, twitter, etc., como territórios minados para a reflexão sobre assuntos sérios, além de feiras da vaidade em que internautas ostentam pateticamente status, fotos e feitos, em verdadeiras overdoses de egolatria, como se fossem colunistas sociais de si próprios.

Vai daí que só agora há pouco fiquei sabendo que o jornalista Breno Altman, do site Opera Mundi, fez uma afirmação inqualificável, de extrema truculência, ao sugerir que Luciana Genro deveria ser assassinada como o grande Leon Trotsky, principal responsável pela tomada de poder em 1917 e pela sobrevivência da revolução soviética nos campos de batalha dos anos seguintes.

Aliás, venho percebendo isto claramente, trata-se de algo que muitos escrevinhadores chapa branca, desesperados com a iminente perda de suas boquinhas, gostariam de fazer com os expoentes da esquerda revolucionária, que mantêm posicionamento crítico com relação ao governo neoliberal de Dilma Rousseff.
Até onde sei, Altman não merece ser colocado nessa vala comum, tendo, provavelmente, se manifestado num péssimo momento, quando melhor seria nada teclar até haver esfriado a cabeça.

Stalin não foi apenas o coveiro da revolução soviética. Com seu totalitarismo bestial, serviu como o grande exemplo negativo que a indústria cultural utilizou mundialmente para denegrir o socialismo e afastar os trabalhadores dos ideais revolucionários. 

Graças ao carniceiro de Moscou, todas as tomadas de poder subsequentes se deram em países atrasados e periféricos, pois o proletariado das nações centrais –aquelas que, segundo Marx, seriam decisivas para a escalada da humanidade rumo ao socialismo– ficou horrorizado com a coletivização forçada da agricultura (causadora de milhões de óbitos), com as caças às bruxas e extermínio da velha guarda, com as invasões da Hungria e da Checoslováquia, etc.

Minha total e irrestrita solidariedade à guerreira Luciana Genro, uma mulher que não vendeu sua alma nem se lambuzou com o melado do poder.

Meu mais indignado repúdio a Breno Altman e a todos os que incitam a violência contra companheiros de outras tendências do campo socialista, como se tivéssemos voltado aos nefandos tempos do monolitismo e consequente esmagamento das posições divergentes.

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De Luciana Genro:
 
Com sua postagem e com o “esclarecimento” que fez hoje Breno Altman mostrou que os stalinistas nunca desistem de liquidar seus opositores, e acham até mesmo que se pode fazer piada com isso. E ainda se dizem em defesa da democracia. Isto sim é uma piada. Mas, vindo de um defensor dos envolvidos no mensalão, nada me surpreende. Quero mesmo é agradecer as milhares de mensagens de solidariedade que recebi, como esta do Chico Alencar, da executiva estadual do PSOL do Rio de Janeiro, de várias organizações políticas, e de pessoas, militantes e amigos. Assim como os ensinamentos de Trotsky sobreviveram às calúnias stalinistas, a vida se encarregará de colocar Breno Altman no seu devido lugar.” (do Facebook de Luciana Genro)