Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 17 de abril de 2016

Nem Dilma, Nem Temer! Fora Todos! Barrar o pacto de governabilidade do PT, PSDB e PMDB! Após a votação do impeachment vem mais ajuste e corrupção!

Domingo, 17 de abril de 2016
Da Corrente Socialista dos Trabalhadores - PSOL

No domingo (17) a câmara dos deputados vota o impeachment de Dilma/PT. Processo que segue para o senado e pode resultar na posse do vice Michel Temer/PMDB. Uma disputa do sujo contra o mal lavado. De um lado Dilma, Lula, Renan e Katia Abreu, o PT, o PCdoB e uma ala do PMDB, tentam comprar deputados para permanecer no poder. Utilizam o loteamento de cargos, a liberação de emendas e ministérios, numa negociata igual a de FHC para aprovar a emenda de reeleição. Do outro lado, Michel Temer, Cunha, Aécio, José Serra, o PSDB, a maioria do PMDB, querendo ocupar o palácio do planalto. Negociam um futuro ministério, num estilo fisiológico igual ao PT. No meio disso, bandidos como Maluf e Kassab alugam suas siglas. A disputa é uma falsa polarização para ver quem governa a nação, sem que existam propostas diferentes, tanto que PT e PMDB governaram juntos até aqui e a maior parte do congresso integrou a chapa Dilma/Temer. Há poucos meses Dilma presenteava o PMDB com ministérios e o relator do impeachment tinha cargos no governo federal.
Dilma, Temer e Aécio negociam pacto para aplicar mais ajuste e saquear o país
O PT, PSDB e PMDB possuem projetos semelhantes. A “Agenda Brasil” de Renan, aceita por Lula e Dilma, é idêntica a “Ponte para o Futuro” de Temer e Aécio. Programa já aplicado via Medidas Provisórias e decretos, leis no congresso e nos governos estaduais.
Com Dilma ou Temer haverá mais ajuste fiscal, privatizações, retirada de direitos e uma operação para garantir impunidade aos corruptos, paralisar as investigações da Lava Jato e esconder as listas de doações das empreiteiras. Ou seja, apesar da briga atual, eles vão se acertar em nome da “governabilidade”, para aplicar uma agenda conservadora contra o povo trabalhador e a juventude. Por isso Dilma, Temer, Lula, FHC falam de “reconciliação”, “união nacional” e “pacto”. Eles se chamam de “criminosos” e “golpistas” mas vão terminar juntos contra os trabalhadores, pois isolados não possuem condições para aplicar essas medidas. É preciso lutar contra esse acordão reacionário.
Dilma tem que sair! Temer não pode ficar!
Nós defendemos o fim do governo Dilma. Esse governo do ajuste fiscal, do desemprego, do arrocho salarial e da corrupção tem que acabar. Dilma se elegeu prometendo “mudança” porém colocou um banqueiro no Ministério da Fazenda, uma latifundiária na Agricultura e um industrial no Desenvolvimento. Falava de garantir direitos, mas aplicou Medidas Provisórias restringindo o seguro-desemprego, abono, auxílio-doença, aplicou um Plano que reduz salários dos metalúrgicos e privatizou Hospitais. Fez tudo que Aécio e Serra fariam. Dilma tem que sair porque não suportamos a entrega do Pré-sal, os cortes nas áreas sociais e a destruição da previdência, além de uma lei que enquadra manifestações como terrorismo. O governo do PT tem que acabar para arquivarmos a PL 257 que visa congelar salário dos servidores, impedir concursos públicos e acabar com aumentos no salário mínimo. Dilma cometeu crimes ao se eleger com dinheiro de propina e patrocinar a corrupção via empreiteiras.
No entanto Temer não pode assumir. Somos contra um impeachment conduzido por um bandido como Eduardo Cunha. Essa câmara corrupta, de representantes dos banqueiros, empreiteiras e fazendeiros não tem moral para decidir quem deve governar. Temer é tão responsável quanto Dilma por tudo que aconteceu até aqui. As medidas do ajuste fiscal foram aprovadas por meio da articulação de Temer e Levy. Ajuste que o PSDB defende. Somos contra um impeachment baseado na lei de responsabilidade fiscal, uma lei neoliberal criada por FHC e mantida por Lula para garantir o pagamento da dívida ao sistema financeiro. Somos contra o impeachment, pois ele empodera o senado, uma casa reacionária, antidemocrática, cheia de oligarcas. Além de colocar o país refém do STF, cujo integrantes não são eleitos, são indicados politicamente, com mandatos vitalícios. Infelizmente os parlamentares do PSOL optaram por votarem com o governo contra o impeachment, ao invés de manter uma atitude independente e se abster nessa votação do sujo contra o mal lavado.
Os trabalhadores e a juventude devem confiar apenas em nossas próprias forças
Não podemos aceitar a polarização “contra ou a favor” do impeachment. Não devemos confiar nas direções que convocam esses atos. A FIESP, o PSDB, PMDB, querem governar diretamente pois o PT perdeu a capacidade de controlar o movimento de massas e se utilizam do sentimento anti-Dilma. Já o PT quer se manter no poder e blindar Lula, para isso se utiliza do medo de um suposto golpe. O sentimento opositor, contra o ajuste e a corrupção de Dilma e Lula, o sentimento anti-Temer e anti-PSDB, contra a restrição de qualquer liberdade deve ser canalizado para outra via. A classe trabalhadora, a juventude, a classe média e o povo devem se organizar para tomar as ruas, realizar greves, ocupações para derrubar o governo do PT e do PMDB, colocar pra Fora Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio! Garantindo que a verdadeira soberania possa se expressar na revogação de mandatos, por meio da democracia direta, através da mobilização popular. E assim colocar abaixo o ajuste, as privatizações e a corrupção, revogar a lei anti-terrorismo e garantir o direito democrático de livre manifestação. É preciso construir uma alternativa nas greves dos professores e servidores e nas ocupações de escola do Rio de Janeiro, nas manifestações contra o PL 257, nas lutas operarias contra demissões, na luta contra os assassinatos de sem-terra como a que ocorre no Paraná. Aí podemos construir uma alternativa de classe contra todos eles.
Precisamos de uma verdadeira oposição de esquerda
Infelizmente não há um polo de oposição classista porque as maiores lideranças de esquerda decidiram compor o campo Lulista. O setor majoritário do PSOL juntamente com o MTST, transformaram as maiores organizações da esquerda em linha auxiliar do PT no parlamento e nas manifestações em defesa do mandato de Dilma. Um processo que reoxigena o PT, sua estratégia de uma “frente ampla” com Lula em 2018. Ao mesmo tempo em que abre espaço para projetos burgueses como o da REDE. Um posicionamento que deve ser revertido. Por isso insistimos que a maioria do PSOL e a direção do MTST abandonem o campo governista e a frente com o PT e o PCdoB.
Nesse contexto, várias organizações não são linha auxiliar do PT e continuam a batalha contra o PSDB. A primeira expressão pública desse campo foram as manifestações de vanguarda do dia 1 de abril que mostrou a potencialidade de um terceiro campo, contra Dilma, Temer, Cunha, Renan, Aécio, governadores e prefeitos. É necessário dar coesão aos que não são linha auxiliar. Uma unidade que passa pelo combate frontal a nova direita representada pelo PT e a velha direita liderada pelo PSDB. Um posicionamento radical contra tudo isso que está aí, sem ceder a nenhuma pressão do PT. Uma luta firme contra a política das organizações que integram o campo Lulista. Um bloco que se posicione categoricamente pelo fim do governo Dilma, contra o impeachment do congresso corrupto e a posse de Michel Temer, e também contra os tucanos. Um bloco que evite a dispersão, paralisia e confusão que prima em várias outras articulações, como o bloco de esquerda do PSOL que nem ao menos é capaz de votar junto nas instâncias ou escrever uma nota política conjunta, pois coexistem orientações opostas em seu interior. Um bloco que supere as insuficiências do Espaço da Unidade e Ação da CSP-CONLUTAS, que apesar de ter realizado ações importantes no ano passado e no dia 1º de abril, não está à altura dos acontecimentos, pois já não existe a mesma unidade política anterior.
Proposta para unificar os que lutam contra Dilma, Temer, Cunha, Renan e Aécio:
1) Construir um bloco dos que não são linha auxiliar do PT, um polo da oposição de esquerda, que tenha como eixo a mobilização, a ação direta, o fortalecimento das greves, a coordenação das lutas. O que se concretiza numa campanha em solidariedade à greve dos professores do Rio de Janeiro e outras lutas. Buscar construir um novo bloco social e político com as organizações que não estão no campo do PT, PMDB e PSDB. Um bloco que busca ser fiel a radicalidade das Jornadas de Junho, vocalizando um projeto político independente e anticapitalista e articulando uma frente social classista. Dar continuidade a iniciativas como a do dia 1º, com um eixo político, contra Dilma, Temer, Cunha, Renan, Aécio, com uma manifestação nacional centralizada em São Paulo ainda em abril.
2) Que esse bloco construa um espaço unitário para discutir a melhor saída para o país do ponto de vista dos interesses dos explorados e oprimidos, sem governistas, sem tucanos, sem patrões. Uma plenária sindical, popular e estudantil, convocada por sindicatos, grêmios estudantis, DCE’s, agrupamentos sindicais, a CSP-CONLUTAS, organizações políticas como o MES e o PSTU, figuras públicas como Luciana Genro, Zé Maria, Babá, Raul Marcelo e todos os que desejarem construir essa iniciativa, com a máxima amplitude, sem nenhum tipo de sectarismo ou hegemonismo. Tal plenária deveria ocorrer ainda no mês de abril em função da votação do impeachment e os atos convocados pelos tucanos e pelos petistas.
16/04/16 | Secretariado da CST-PSOL