Terça, 3 de maio de 2016
“A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores"
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Do Esquerda.Net
Além de defensor da imprensa
livre, Karl Marx foi ele próprio jornalista. Os seus trabalhos de
jornalista e cronista foram fundamentais para a formação de Marx. Do
mesmo modo que os jornais da época foram uma importante fonte dos seus
estudos. Artigo de Bruno Góis.
3 de Maio, 2016
“A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores", defendia Karl Marx.
Após
concluir o seu doutoramento em filosofia e tendo-lhe sido fechadas as
portas da academia, Marx inicia a sua carreira no jornalismo e torna-se
redator-chefe d’ A Gazeta Renana em 1842.
O jornal será fechado após publicar uma série de críticas ao governo
da Prússia, em 1843. A causa do encerramento do jornal está diretamente
ligada à luta de classes. A burguesia alemã, até então apoiante desse
órgão de comunicação ligado à democracia radical, mudou de campo para
conciliar com o regime vigente. Essa experiência foi uma importante
aprendizagem para Marx e também teve papel na digressão que iniciou pela
geografia, pelo pensamento e na luta política.
Anos mais tarde, também a Nova Gazeta Renana, diário publicado por
Marx em Colónia entre 1 de junho de 1848 e 19 de maio de 1849, deixará
de ser publicada na sequência da expulsão de Marx do país e da ameaça de
prisão e extradição dos demais membros do jornal. A edição de 19 de
maio ficará conhecida o a edição vermelha por ter sido impressa nessa
cor, em protesto.
Além destes episódios, importa referir que na obra de Marx devem ser
considerados importantes artigos de jornalismo político que fará mais
tarde, nomeadamente para o New York Daily Tribune.
Marx, na juventude, falando sobre o potencial da imprensa deixou-nos
palavras fortes que acompanham a sua prática em prol da livre divulgação
das ideias: “A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador
incansável dos opressores, o olho omnipresente e a boca omnipresente do
espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade”.
A liberdade de imprensa e de opinião são imprescindíveis à
democracia. O poder dos grandes grupos económicos (ora com a mão do
poder político, ora com a mão do dono) cerca em grande medida o
potencial da liberdade de imprensa. Parte desse problema são limitações
que o capitalismo impõe à democracia, mas há todo um campo para
resistência e para avanço dessa liberdade. A existência de imprensa
alternativa e a defesa da profissão de jornalista são elementos
fundamentais da luta pela liberdade.
Artigo publicado em Contradição