Editorial do Jornal Combate Socialista Nº 74
O governo interino de Michel Temer vive
uma forte crise. As delações de Sergio Machado, ex-presidente da
Transpetro, comprometeram a cúpula do PMDB e derrubaram 3 ministros em
poucas semanas. O próprio Michel Temer foi citado pois utilizou recursos
de empreiteiras para financiar a campanha de São Paulo em 2012. Eduardo
Cunha está prestes a ser cassado. Tucanos como Serra e Aécio estão
implicados. Renan Calheiros, se reaproxima de Temer sem romper com
Dilma, para tentar se salvar. É um governo corrupto que precisa ser
derrotado.
A crise política continua pois suas
raízes são econômicas e sociais. A elevação do custo de vida, fechamento
de milhões de postos de trabalho e a destruição dos serviços públicos
geram uma situação explosiva, estimulando lutas a exemplo da greve da
educação do Rio de Janeiro e das Universidades Paulistas. Protestos que
desgastam Temer, os parlamentos e as instituições da republica das
empreiteiras. Mobilizações que precisam ser coordenadas para barrar os
ataques.
Essa confrontação e a indignação popular
impedem que Michel Temer aplique integralmente o plano de austeridade.
Henrique Meireles discursa reafirmando o compromisso com a agenda do
FMI, porém o governo interino é fraco para implementar integralmente seu
projeto. Como não há condições políticas e sociais para aplicar as
medidas estruturantes do ajuste fiscal, o PMDB se concentra em ganhar
folego. O acordo com os governadores, suspendendo o pagamento da dívida
dos estados com a União por 6 meses, tem como contrapartida o apoio ao
projeto de Emenda Constitucional que limita o gasto público. Um acordo
que beneficia empresários e banqueiros. Exigimos o cancelamento das
Olimpíadas e que os recursos sirvam para atender os grevistas.
Os desdobramentos da operação Lava Jato
votam a afetar todos os maiores partidos. No nordeste, pegando em cheio o
PSB de Eduardo Campos, cuja chapa integrava Marina Silva, paralisando a
campanha da REDE pelo julgamento da chapa Dilma/Temer no TSE. No caso
do PT essa pressão é mais profunda após a apreensão de documentos na
sede do Partido e a prisão de Paulo Bernardo por conta de fraudes nos
contratos de créditos consignados. Ao todo o PT roubou R$ 100 milhões
dos servidores federais para financiar suas campanhas. E Lula está cada
vez mais encurralado nas delações do presidente da OAS.
Por isso, a burocracia Lulista não
chamou uma greve geral contra Temer e não aceitam a proposta de greve
geral estadual contra Dorneles no Rio de Janeiro. Em São Paulo, não
transformam a greve das universidades numa trincheira contra Temer, nem
constroem um calendário unificado de suas categorias contra Alckmin. É
preciso que o PSOL e suas correntes, o MTST e a INTERSINDICAL abandonem
seu bloco com os Lulistas e encabecem a luta para que a CUT e demais
centrais convoquem uma greve geral, em defesa das pautas da classe
trabalhadora. O melhor caminho para derrotar de verdade o governo
PMDB/PSDB.
É necessário que o Espaço de Unidade e
Ação, com peso da CSP-CONLUTAS, realize uma reunião emergencial para
retomar as ações concretas em defesa dos direitos dos trabalhadores e da
juventude e seguir a batalha pela construção de uma alternativa de
esquerda, construindo uma saída independente, operaria e popular, para
enfrentar os ataques.